A contratação do técnico Martín Anselmi pelo Botafogo é mais uma tentativa do dono da SAF do Botafogo, o estadunidense John Textor, de aplicar no clube o estilo batizado por ele de “The Botafogo Way”, o jeito Botafogo de enxergar e jogar futebol.
Segundo o dirigente, o estilo passa por zagueiros habilidosos e com sangue frio, capazes de dominar a bola e distribuí-la mesmo sob pressão, velocidade em todas as posições, sobretudo nas laterais e prioridade pela posse da bola mesmo diante das dificuldades.
“Quero que fique claro daqui a três ou cinco anos que existe um estilo Botafogo. Quero que as pessoas nos vejam jogar da base até o profissional e reconheçam o que nós estamos tentando fazer”, explicou o treinador em fevereiro de 2022 em entrevista ao GE.
No meio deste ano, o português Renato Paiva venceu o Paris Saint-Germain na Copa do Mundo de Clubes da Fifa por 1 x 0 com 25% de posse de bola e foi eliminado pelo Palmeiras na prorrogação nas oitavas de final com 53%. O patrão não aceitou o estilo 8 ou 80.
John Textor é quem bate o martelo, mas a escolha é muito bem recomendada pela equipe de analistas de desempenho e o time de scouts do Botafogo. Anselmi foi assistente do espanhol Miguel Ángel Ramírez no Independiente del Valle.
O jeito Martín Anselmi de jogar
Sistema tático preferido: 3-4-3/3-4-2-1
- Construção com 3 zagueiros
- Alas espetados
- Meias móveis
- Centroavante participativo
- Pressão pós-perda
- Superioridade pelo centro
- Defesa com linha de 5 sem a bola
O time equatoriano tem um modelo de jogo da base ao profissional e raramente renuncia ao estilo. Auxiliou o técnico ibérico na passagem pelo Internacional e sentiu na prática como funciona o futebol brasileiro. Miguel Ángel Ramírez durou 21 jogos no Internacional. O mesmo número de partida da passagem de Anselmi pelo Porto, o último trabalho dele.
O argentino chegou à Europa por causa da juventude. Tem 40 anos. O título da Copa Sul-Americana contra o São Paulo e da Recopa Sul-Americana nos pênaltis diante do Flamengo de Vítor Pereira abriu as portas para o Cruz Azul do México e depois o Porto, em Portugal.
Martín Anselmi gosta de saída de bola qualificada, com os zagueiros, de preferência três, participando da construção. Defende a superioridade numérica pelo centro. A pressão depois da perda de bola é quase inegociável. O ataque é posicional com amplitude bem definida e que trabalhou com ele considera os treinos muito táticos com muita influência dos analistas de desempenho. O Independiente del Valle jogava “de memória”.
Martín Anselmi tem a qualificação necessária para entregar o “The Botafogo Way” a John Textor. A questão é se haverá paciência para um início de processo difícil geralmente marcado pela instabilidade. Ele perdeu o emprego no Porto com 10 vitórias, 6 empates e 5 derrotas. A convicção quase inegociável no sistema de jogo 3-4-3 com variáveis para o desenho 3-4-2-1 só cedeu quando ele escalou a equipe no 4-4-2 na despedida do cargo, o empate por 4 x 4 com O Al-Ahly do Egito na última rodada da fase de grupos.
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