Se o critério utilizado para a escolha do sucessor de Pia Sundhage na Seleção feminina for a meritocracia depois do fim do ciclo da técnica sueca no cargo, Arthur Elias é o favoritaço a herdeiro da prancheta. A performance do profissional de 41 anos na Série A1 do Campeonato Brasileiro é simplesmente excepcional. A competição tem 10 edições desde que a CBF assumiu a organização do torneio na temporada de 2013. O comandante das Brabas conquistou cinco! Ele só não será o sucessor se o atual presidente, Ednaldo Rodrigues, sustentar a preferência por treinadora estrangeira e partir, por exemplo, à caça de Sarina Wiegman, número 1 do mundo depois de levar Holanda e Inglaterra ao título da Eurocopa.
O tetracampeonato do Corinthians na vitória de virada por 4 x 1 contra o Internacional na tarde deste sábado, 5 x 1 na soma dos placares de ida e volta, parecia improvável. O time paulista avançou às quartas de final em quarto lugar. Passou com dificuldade pelo Real Brasília, superou o arquirrival Palmeiras com autoridade nas semifinais e bateu o Internacional na decisão. As Gurias Coloradas são a terceira vítima na série de três títulos consecutivos do Timão. Nas finais anteriores, a equipe havia superado Palmeiras (2021) e Avaí Kindermann (2020).
Arthur Elias suga o máximo do Corinthians e cria sinergia com a torcida. O clube levou 41.070 torcedores à Neo Química Arena e estabeleceu recorde de público da América do Sul em partidas de futebol feminino de clubes. Para se ter uma ideia, o time masculino de Vítor Pereira levou 45.558 a Itaquera no triunfo por 3 x 0 sobre o Fluminense na semifinal da Copa do Brasil.
Mas precisamos falar sobre Arthur Elias. O técnico do Corinthians é um fenômeno. A CBF inaugurou a Série A1 em 2013. O treinador comandava o Centro Olímpico e levou a equipe ao título da primeira edição do Campeonato Brasileiro. A coleção aumentou quando ele assumiu as Bravas e enfileirou quatro conquistas nas edições de 2018, 2020, 2021 e 2022.
Arthur Elias ostenta dois títulos da Libertadores em 2019 e 2021 e três troféus consecutivos do Campeonato Paulista nas versões de 2019, 2020 e 2021. Dificilmente alguém supera o técnico na prova de títulos. Há outras taças no currículo, como a Copa do Brasil de 2016, a Libertadores de 2017 na época da parceira entre Audax/Corinthians e a Supercopa do Brasil deste ano.
5 títulos tem Arthur Elias em 10 edições do Brasileirão Feminino
Uma das virtudes de Arthur Elias é ser o facilitador de um Corinthians extremamente organizado taticamente e forte mentalmente para superar as adversidades. A vitória sobre o Palmeiras no jogo de volta das semifinais foi monstruosa e praticamente antecipou a conquista do tetra.
Os gols de Diany, Jaque Ribeiro, Jheniffer e da brasiliense Victoria Albuquerque impuseram um placar doloroso ao Internacional, um adversário forte no projeto das divisões de base e em evolução na categoria profissional. A campanha colorada foi gigante. O segundo time do sul do país a alcançar essa fase. Repete o vice do catarinense Avaí/Kindermann. Sorriso deu esperança do título inédito às gurias, mas o Inter não repetiu a atuação do duelo de ida, em Porto Alegre.
O Corinthians repete no futebol feminino o tricampeonato em anos consecutivos do São Paulo no Brasileirão. O tricolor paulista foi campeão em 2006, 2007 e 2008 na Série A. As Brabas igualam o feito na Série A1 do Feminino. Somente o Santos fez mais do que isso no penta na Taça Brasil em 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965. Um pentacampeonato assinado na Era Pelé.
“Evoluí muito como treinador. Agradeço muito ao futebol feminino sempre pelo que sou como treinador. Cresci muito com as dificuldades. Toda mulher que gosta de futebol merece o que nós tivemos hoje aqui com mais de 40 mil torcedores no estádio. O meu sentimento é sobre todo esse processo de 16 anos de carreira. Elas merecem demais e o Inter está de parabéns”, comentou Arthur Elias no gramado em entrevista ao SporTV antes da premiação.
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