Da série acredite se quiser: tem time de futebol comemorando título em meio à pandemia do novo coronavírus. Dos 215 países filiados à Fifa, quatro não paralisaram as atividades: Bielorrússia, Nicarágua, Burundi e… Tajiquistão. A conquista com direito troféu, medalha e até volta olímpica foi justamente na ex-república soviética vinculada à Associação Asiática.
A temporada no país de 143.100km² e 9,3 milhões de habitantes, vizinho do Afeganistão ao sul, da China a leste, do Quirguistão ao norte e do Uzbequistão a noroeste e a oeste está só começando. Neste sábado, o Istiklol Dushanbe derrotou o Khujand por 2 x 1 na decisão da Supercopa do Tajiquistão no Pamir Stadium, na capital Dushambe. Assim como no Brasil, a partida única opõe os campeões do Nacional e da Copa do país. Recordista com nove títulos, o Istiklol emplacou a terceira taça consecutiva. Havia arrematado o torneio em 2018 e em 2019.
A partida foi disputada com portões fechados e a Liga Vysshaya, como é batizado o campeonato nacional, também começará sem a presença de público nos estádios. A competição é disputada desde 1937. O favorito é justamente o Istiklol Dushanbe. No total, 10 clubes disputarão o títulos. Entre os jogadores inscritos, há 43 estrangeiros.
O campeonato começa na marra dois dias depois de a diretoria executiva do Banco Mundial aprovar investimento de US$ 11,3 milhões para financiar o projeto do país de combate à pandemia do novo coronavírus. O plano é apoiar os esforços do país para proteger a saúde da população e os riscos sociais associados à doença.
Parte do montante será aplicado na aquisição de 100 leitos para a Unidade de Terapia Intensivas (UTI) totalmente equipados para tratar os pacientes vítimas da Covid-19. O repasse também prevê compra de kits de teste, reagentes de laboratório e equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde. O posicionamento geográfico do país preocupa.
“Altamente exposto aos riscos da pandemia global da Covid-19, o Tajiquistão deve, agora, preparar seus sistemas de saúde e sociais para responder com rapidez e eficiência”, cobrou Jan-Peter Olters, gerente do Banco Mundial no Tajiquistão. “Este projeto ajudará os esforços do país para realizar ações preventivas, proteger sua equipe de saúde e diminuir, sempre que possível, os casos de Covid-19, e proteger pobres e vulneráveis, especialmente as crianças.”
Ao que parece, faltou combinar com os cartolas do futebol do Tajiquistão e, principalmente, com o presidente do país. A decisão de liberar a decisão da Supercopa e o início da competição partiu do presidente do país, Emomali Rahmon, classificado de ditador pelo Human Rights Watch, o Observatório dos Direitos Humanos. Alguns jogos são até transmitidos em streaming na internet. Levada sério, a decisão teve até Man of the Match: Manuchekhr Dzhalilov.
Campeão da Supercopa, o meia espanhol Manolo Bleda falou sobre a conquista depois da partida e criticou as autoridades do país. “Não sei se deveríamos estar competindo. O governo não impôs qualquer estado de alarme e alguns jogadores já disseram que temem pela contaminação. Por questões de saúde, o futebol no país deveria parar”, reivindicou.
Manolo Breda pondera. “Aqui tiveram uma má experiência com o SARS, em 2003, e reagiram rapidamente nesta pandemia. Tenho muito respeito por esta doença, mas aqui tomam-se muitos cuidados de higiene e segurança. A Ásia combateu muito bem o vírus, mas a Europa não viu gravidade e vemos tanta gente morrer na Espanha por uma falha tão grande de quem governa. Não souberam solucionar o problema”, critica Manolo Bleda.
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