Adversária do Flamengo nesta quarta-feira, no Maracanã, a Liga Deportiva Universitária de Quito (LDU) é a síntese de um país que se rendeu aos técnicos estrangeiros. O Equador que virá à Copa América no meio do ano é comandado pelo colombiano Hernán Darío Gómez. Campeã do Sul-Americano Sub-20 neste ano, a seleção sub-20 chegou ao título sob a batuta do revolucionário argentino Jorge Célico. Dos 16 clubes da primeira divisão, 12 são escalados por técnicos importados — argentinos, uruguaios, colombianos, paraguaios e até um espanhol — e apenas quatro apostam no chamado santo de casa.
Os uruguaios são os profissionais da moda entre os clubes do Equador. As últimas três edições do Campeonato Equatoriano foram conquistadas por eles. Guillermo Almada levou o Emelec ao título nacional em 2016 e às semifinais da Libertadores no ano seguinte. Alfredo Arias faturou o título local em 2017. No ano passado, Pablo Repetto tirou a LDU da fila de oito anos e faturou a principal competição do país.
No caso específico da LDU, a aposta em técnicos estrangeiros virou praticamente um mantra. O clube faturou a Libertadores em 2008 e foi vice do Mundial de Clubes da Fifa ao perder para o Manchester United guiado pelo argentino Edgardo Bauza. Um ano depois, festejou a Copa Sul-Americana às ordens do uruguaio Jorge Fossati. Como mostrou o blog no post de terça-feira, o atual treinador, Pablo Repetto, levou o Independiente del Valle à final da Libertadores em 2016, mas perdeu o troféu para o Atlético Nacional, da Colômbia. O outro representante do Equador na fase de grupos é o Emelec. O clube também aderiu à moda dos importados. O argentino Mariano Soso é quem manda no time.
Os últimos três técnicos campeões equatorianos são uruguaios
- 2016 – Guillermo Almada (Emelec)
- 2017 – Alfredo Arias (Emelec)
- 2018 – Pablo Repetto (LDU)
LDU e Emelec são reflexos da política adotada pela Federação Equatoriana de Futebol. A seleção não é comandada oficialmente por um técnico do país há muito tempo. Sixto Vizuete assume de vez em quando, mas como interino. Há uma devoção por treinadores colombianos. Francisco Maturana, Luis Fernando Suárez, Reinaldo Rueda e Hernán Darío Gómez já ocuparam a função. Além deles, o argentino Gustavo Quinteros deu as cartas na seleção.
A onda estrangeira permitiu ao Equador saborear seus maiores feitos neste século. O colombiano Hernán Darío Gómez classificou o país pela primeira vez para a Copa do Mundo, em 2002. Os compatriotas Luis Suárez e Reinaldo Rueda fizeram o mesmo em 2006 e em 2014, respectivamente. O Equador avançou às oitavas de final no Mundial da Alemanha.
A LDU derrotou o Fluminense na final da Libertadores (2008) e teve o direito de participar pela primeira vez do Mundial de Clubes da Fifa. Enfrentou o Manchester United de Alex Ferguson e de Cristiano Ronaldo na decisão. Há dois anos, viu o modesto Independiente del Valle alcançar a final do principal torneio de clubes do continente. Em 2017, o Barcelona de Guayaquil alcançou a semifinal. Só foi parado pelo Grêmio. Provas e mais provas de que o investimento em treinadores estrangeiros nunca fez tão bem ao crescimento técnico do futebol de um país.