Fortaleza EC A comemoração do gol de Tinga na vitória por 2 x 0 contra o Corinthians. Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC A comemoração do gol de Tinga contra o Corinthians. Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC

Sucesso do Fortaleza na Copa Sul-Americana separa o trabalho do acaso

Publicado em Esporte

A classificação do Fortaleza para a final da Copa Sul-Americana contra Defensa y Justicia ou LDU separa o trabalho de obras do acaso. O Tricolor do Pici é o sexto clube de fora da chamada lista dos 12 mais tradicionais do país a alcançar a decisão do torneio continental. Goiás, Ponte Preta, Chapecoense, Red Bull Bragantino e Athletico-PR também conseguiram.

 

Há uma diferença entre as seis campanhas. Dois se classificaram para a decisão aleatoriamente. Os outros quatro ensinam que há espaço para quem está disposto a se organizar e realizar uma gestão perene. Goiás (2010) e Ponte Preta (2013) foram vice-campeões da Copa Sul-Americana contra Independiente e Lanús, respectivamente, muito mais na base da sorte do que do juízo. Ambos brigavam contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro — e caíram para a segunda divisão.

 

Não se pode dizer o mesmo da Chapecoense. O time catarinense saiu da Série D em 2009 para o título da Copa Sul-Americana em 2016. Subiu degrau por degrau até a principal conquista do clube em meio à maior tragédia. Havia trabalho sério. O sucesso no torneio continental estava acompanhado por um desempenho equilibrado no Brasileirão. O time ficou em 11º na Série A.

 

O Red Bull Bragantino também alcançou a final da Sul-Americana de maneira planejada. Sob a gestão da marca austríaca de bebida energética, o clube paulista conquistou a Série B do Brasileiro em 2019. No segundo ano na elite, decidiu o título continental com o Athletico-PR no Estádio Centenário, em Montevidéu em mais um case de sucesso administrativo.

 

O Athletico-PR é referência faz tempo. Nada acontece por acaso na gestão do Furacão. Decidiu a Sul-Americana com o Junior Barranquilla em 2018 e conquistou o título pela primeira vez. Duelou com o Red Bull Bragantino em 2021 e levou a taça. No ano passado, protagonizou a final da Libertadores contra o Flamengo. Perdeu, mas mostrou a palavra-chave: planejamento.

 

Isso não tem faltado ao Fortaleza na gestão do presidente Marcelo Paz. Em 2011, o clube ficou à beira do rebaixamento para a Série D. Escapou e começou a entrar nos trilhos. Rogério Ceni teve parte nisso ao brindar o clube com a conquista da Série B em 2018. São cinco temporadas consecutivas na elite do Campeonato Brasileiro. Paralelamente, as conquistas da Copa do Nordeste em 2019 e 2022, a presença inédita na semifinal da Copa do Brasil em 2021, participações seguidas na Libertadores em 2022 (fase de grupos) e 2023 (Pré-Libertadores).

 

A vitória por 2 x 0 contra o Corinthians no placar agregado das semifinais é resultado de um trabalho perene. O foco está no sucesso do clube. O Fortaleza tem o 12º orçamento entre os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. Alcança a decisão com receita de R$ 267,9 milhões. Arrecada mais do que clubes tradicionais do país como Cruzeiro (R$ 155 milhões).

 

Impossível não atribuir a presença inédita na decisão ao técnico argentino Juan Pablo Vojvoda. São dois anos e meio no cargo. Assumiu em 4 de maio de 2021. Acumula 185 jogos, um título da Copa do Nordeste e três do Campeonato Cearense. Comprometido com o clube e resistente aos assédios de gigantes do país como o próprio Corinthians, está a 90 minutos de levar o clube ao primeiro título internacional em 104 anos de história. Não é sorte. Tem sobrado juízo na gestão.

 

Twitter: @marcospaulolima

Instagram: @marcospaulolimadf

TikTok: @marcospaulolimadf