Malas Partiu? Não! Filas e devoluções de malas após sucessivos cancelamentos de voos. Foto: MPL Partiu? Não! Filas e devoluções de malas após sucessivos cancelamentos de voos. Foto: MPL

Sou a vítima da vez: vem aos EUA na Copa? Prepare-se para o caos climático e aéreo!

Publicado em Esporte

New Jersey (EUA) — Atenção! Se você está pensando em acompanhar a Copa do Mundo de 2026 nos Estados Unidos, uma das três sedes do megaevento em parceria com o Canadá e o México, esteja pronto para ter paciência de Jó com as intempéries. Eu sou a vítima da vez. A minha chegada a Brasília estava prevista para a noite desta terça-feira, mas tive dois voos cancelados em menos de 24 horas por causa das condições extremas do clima.

 

Meu voo partiria às 18h30 de segunda-feira (14/7/2025), de Newark, em New Jersey. Próximo do horário de embarque, recebi o aviso por e-mail de que o voo estava cancelado e eu deveria entrar em contato com a companhia aérea para a remarcação.  Todos os voos a partir daquele horário estavam cancelados devido ao risco de turbulências severas. As opções para chegar em Miami a tempo de cumprir o segundo trecho eram escassas.

 

Automaticamente, a companhia montou outra logística e enviou por e-mail. Meu voo sairia de Newark às 7h23 em direção a Charlotte. De lá, eu embarcaria rumo a Miami e finalmente da Flórida até Brasília. Cheguei no aeroporto com a devida antecedência, cumpri o protocolo de saída dos EUA, passei pelo checkpoint e parecia tudo pronto para decolar.

 

Eis que de repente o tempo fecha em New Jersey, com direito a um dilúvio, trovões e relatos de enchentes no estado vizinho a Nova York. O National Weather Service disparou pelo menos cinco alertas de emergência ao celular de quem estava na cidade. O caos aéreo estava definitivamente instaurado. Não havia chegadas nem partidas de aeronaves.

 

O que estava se desenhando virou fato. O aviso de voo atrasado mudava constantemente na tela. O último deles apontava o embarque às 23h30 rumo a Charlotte. No entanto, o voo previsto para vir de lá e voltar não chegaria. Resultado: mais um voo cancelado e outro aviso no e-mail para contatar a companhia aérea para uma nova marcação. Era definitivamente impossível chegar em Miami a tempo da conexão internacional para Brasília.

 

O voo foi reconfigurado novamente saindo de New Jersey nesta quarta rumo a Miami, de lá para São Paulo e finalmente de Guarulhos para Brasília. Não adianta espernear nem fazer barraco. Os atendentes ouviram e responderam com a frieza de urso polar a quem ensaiou dar piti. “Senhora, questões climáticas não estão sob o nosso controle”.

 

Em uma conversa informal com a atendente cujo nome não posso revelar por respeito ao compliance da companhia, ela fez um alerta aos torcedores engajados em acompanhar a Copa em 2026: “É muito difícil voar nos EUA durante o verão. É preciso ter muita paciência e disposição para enfrentar as intempéries. O clima muda o tempo todo e a malha aérea é totalmente afetada. Todos ficam reféns desses acontecimentos”, explica. Sincerona, ela avisou: “Remarcamos a sua passagem, mas fique de olho no tempo. A semana promete”.

 

O efeito dominó transformou a área de restituição de bagagem. Impressionante o número de malas devolvidas à espera dos respectivos donos. Uma giravam na esteira. Outras ficaram acomodadas fora dela. Uma fila quilométrica foi formada para reclamações nos setores de bagagem das diversas companhias, especialmente as norte-americanas.

 

Durante a Copa do Mundo de Clubes da Fifa, cobri pelo menos três jogos com alerta de emergência. Um deles, o do Palmeiras contra o Al-Ahly do Egito pela segunda rodada da fase de grupos do torneio. Um detalhe importante para a Copa do Mundo de 2026: perguntei à companhia aérea se teria direito a hotel, transporte e alimentação depois de passar praticamente um dia inteiro no aeroporto e de ter dois voos cancelados.

 

A resposta padrão: “Trata-se de um evento climático. Não temos controle sobre isso”. Portanto, prepare-se para morar no aeroporto ou tenha sempre um Plano B. Não fui a primeira nem a última vítima. Outros colegas de imprensa passaram pelo mesmo perrengue. Uns estavam até dentro da aeronave e tiveram de sair. Sim, há questões jurídicas que podem ser tomadas, mas por enquanto fiquemos só nos perrengues.

 

Como dizíamos em 2014 no Brasil, #imaginanacopade2026!

 

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