Foram seis anos de casamento. Entre tapas e beijos, a revista France Football e a Fifa uniram jurados e elegeram juntos o melhor jogador do mundo de 2010 a 2015. A fusão não foi nada barata. A entidade máxima do futebol pagou €16 milhões ao grupo Amaury — proprietário do L’Équipe e da France Football. O matrimônio acabou oficialmente nesta sexta-feira. Não haverá parceria neste ano. Volta ser como antes: cada um no seu quadrado. Inaugurada em 1956, a Bola de Ouro voltará a ser um prêmio à parte. Lançado em 1991, o Fifa World Player também retomará vida própria por opção do presidente Gianni Infantino, que pretende transformar a festa em um evento itinerante.
Antes da fusão com a Fifa, em 2010, a Bola de Ouro era considerada uma espécie de prévia do Prêmio de Melhor do Mundo. No entanto, de 1991 a 2009, houve sete discordâncias em 19 edições separadas dos dois eventos. Mas vale ponderar que, até 1995, a Bola de Ouro era restrita a boleiros nascidos na Europa ou naturalizados.
Logo na primeira edição em que Bola de Ouro e Fifa World Player foram concorrentes (1991), os jurados da France Football, todos jornalistas, apontaram o francês Papin como número 1. Na contramão, capitães e jogadores das seleções filiadas à Fifa elegeram o alemão Matthäus.
Em 1994, Romário levou o Brasil ao tetracampeonato na Copa do Mundo dos Estados Unidos e faturou o prêmio da Fifa. Para a France Football, o cara do ano foi o búlgaro Stoichkov. Dois anos depois, Ronaldo, o Fenômeno, recebeu a estatueta da entidade máxima do futebol pela primeira vez. Na votação da revista francesa, o título ficou com o germânico Sammer.
Nas festas de gala de 2000, nova discordância. Deu Zidane na votação da Fifa e Figo na Bola de Ouro. Na temporada seguinte, Figo faturou o prêmio de melhor do mundo, mas perdeu para o inglês Michael Owen na Bola de Ouro. Nas versões de 2003 e de 2004, os dois prêmios novamente não falaram a mesma língua. Zidane e Ronaldinho conquistaram, respectivamente, o Fifa World Player. Para a France Football, no entanto, os melhores foram o meia checo Nedved (2003) e o centroavante ucraniano Shevchenko (2004).
Nas seis edições conjuntas, Lionel Messi recebeu o prêmio em 2010, 2011, 2012 e 2015, e Cristiano Ronaldo — favorito em 2016 — triunfou em 2013 e em 2014. Em tese, o divórcio entre a Bola de Ouro e a Fifa pode beneficiar o brasileiro Neymar. Em ano de Eurocopa, é bem provável que ao menos dois dos três finalistas da revista France Football sejam Cristiano Ronaldo e o francês Griezmann. Ambos contra Messi. Na da Fifa, Neymar pode no mínimo pintar entre os candidatos depois de levar o Brasil à medalha de ouro nos Jogos do Rio-2016. A eleição de número 1 seria mais difícil depois de CR7 ganhar Liga dos Campeões e Eurocopa.
Quer o meu palpite? Cristiano Ronaldo fatura os dois prêmios.
As coincidências e divergências nos dois prêmios
Ano | Fifa World Player |
Bola de Ouro |
1991 | Matthäus | Papin |
1992 | Van Basten | Van Basten |
1993 | Baggio | Baggio |
1994 | Romário | Stoichkov |
1995 | Weah | Weah |
1996 | Ronaldo | Sammer |
1997 | Ronaldo | Ronaldo |
1998 | Zidane | Zidane |
1999 | Rivaldo | Rivaldo |
2000 | Zidane | Figo |
2001 | Figo | Owen |
2002 | Ronaldo | Ronaldo |
2003 | Zidane | Nedved |
2004 | Ronaldinho Gaúcho | Shevchenko |
2005 | Ronaldinho Gaúcho | Ronaldinho Gaúcho |
2006 | Cannavaro | Cannavaro |
2007 | Kaká | Kaká |
2008 | Cristiano Ronaldo | Cristiano Ronaldo |
2009 | Messi | Messi |