Semi do Candangão premia emergentes, ressuscita o favorito, valoriza a segundona e cancela “Jason”

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Campeão da segundona em 2021, o Paranoá está na semi em 2023. Foto: Jéssika Lineker/Distrito do Esporte

 

Campeão simbólico da primeira fase do Candangão, o Real Brasília ensina uma lição aos concorrentes. Vice-campeão da segunda divisão no ano passado, o time fundado em 1996 como Dom Pedro e rebatizado em 2016 prova que é possível inverter a ordem e formar um bom time de futebol masculino depois de ser referência no feminino. As Leoas do Planalto disputaram o mata-mata da Série A1 no ano passado. 

 

A versão masculina do Real Brasília passa por um processo de reconstrução. O time caiu para a segunda divisão em 2021. Em parte, por ter sido um dos clubes prejudicados pela manipulação de resultados denunciada à época no blog. Disputou a Série B local, decidiu o título contra o Samambaia, perdeu o troféu, mas retornou fortalecido à primeira divisão. Fechou em primeiro lugar com 18 pontos, três a mais do que o Brasiliense. Só não cruzou a linha de chegada invicto porque perdeu por 2 x 1 para o lanterna e rebaixado Brasília na estreia. 

 

O Real Brasília é um dos emergentes do futebol candango classificados para as semifinais. O outro é o Capital. Ambos se diferenciam pela tentativa de aplicar gestão profissional em uma ilha cercada de amadorismo. Terceiro colocado na classificação geral, o Capital alcança as semifinais pela segunda edição consecutiva. Dá mais uma prova de força e se consolida como time competitivo com direito a casa própria, o Estádio JK, no Paranoá. 

 

Atual bicampeão, o Brasiliense ressuscitou na última rodada. Arriscava ficar fora das semifinais, mas entrou no G-4 na última rodada ao passar fácil pelo Brasília, por 3 x 1. O segundo time mais vitorioso da cidade com 11 títulos, dois atrás do recordista Gama, juntou os cacos da humilhação diante do Botafogo no meio da semana por 7 x 1 — maior derrota em quase 23 anos de história — e mantém o favoritismo. Embora não tenha a melhor campanha, ostenta o elenco mais forte entre os candidatos remanescentes ao título. 

 

O Paranoá é o semifinalista batalhador da turma. Subiu em 2021 como campeão da Série B local, conseguiu se manter na elite no ano passado e dá um baita salto de evolução nesta temporada. Aproveitou a incompetência do Gama para vencer o Capital, superou o Samambaia no confronto direito e valoriza a segunda divisão. Uma das semifinais será entre dois finalistas recentes da Série B. O Paranoá superou o Brasília na decisão de 2021. O Real Brasília foi superado pelo Samambaia em 2022. Uma vaga na final será de Paranoá ou Real Brasília.  No caso específico do Paranoá, mérito do competente técnico Luis Carlos Carioca.  

 

A classificação do Paranoá cancelou o Gama. Apelidado de Jason por causa da capacidade de ressurreição nos piores momentos, o recordista de títulos está fora das semifinais, mas, aparentemente, encerra a participação na temporada de uma forma digna: ao contrários dos anos anteriores, inclusive quando foi bicampeão em 2019 e em 2020, fechará para balanço sem dever salários para comissão técnica e jogadores. Resta saber até quanto o clube recordista de títulos resistirá sem calendário. É o segundo ano consecutivo fora de série no Brasileirão. Vem aí o terceiro consecutivo na temporada que vem.

 

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