Segundo turno entre Lula e Bolsonaro pode forçar principais entidades esportivas do país a escolher

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Lula festeja, em 2009, o direito do Brasil de receber Jogos do Rio-2016. Foto: Arquivo/PR

Neutras no primeiro turno das eleições, as principais entidades esportivas do país podem ser pressionadas a se posicionar na batalha final entre o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ex, Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas, no próximo dia 30 de outubro.

Comandadas respectivamente por Ednaldo Rodrigues, Paulo Wanderley e Mizael Conrado, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e os comitês Olímpico (COB) e Paralímpico do Brasil (COB) se mantiveram isentas até o momento no processo eleitoral. A tendência é que mantenham o posicionamento, mas haverá pressão e cobranças de algumas ajudas do passado.

O Brasil conquistou o direito de receber a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos do Rio-2016 nas gestões de Lula. Antes, o país também havia sediado os Jogos Pan-Americanos do Rio-2007. O petista petista aparece na histórica foto da celebração do direito de receber o evento ao lado do então presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, de Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, e de alguns personagens políticos envolvidos em escândalos.

Lula era o presidente quando estendeu a mão à CBF e deu todas as garantias necessários para que o país recebesse a Copa do Mundo pela segunda vez, em 2014. Embora o torneio tenha sido disputado no governo de Dilma Rousseff, o anúncio oficial aconteceu em outubro de 2007. O então chefe do executivo chancelou a opção de Joseph Blatter pelo país. Os investimentos para o Pan, Jogos Olímpicos e Copa do Mundo foram todos feitos nos governos de Lula e Dilma.

Jair Bolsonaro não bancou grandes eventos, mas teve influência na realização de alguns. Foi quem estendeu a mão à Conmebol e a CBF quanto a Copa América de 2021 esteve ameaçada pela pandemia. O então presidente Rogério Caboclo e o secretário geral da entidade, Walter Feldman, pediram “asilo” ao torneio depois que a Argentina e a Colômbia abriram mão de recebe-lo alegando questões sanitárias e Bolsonaro deu sinal verde para o Brasil abrigar a competição pela segunda vez em dois anos. O país havia recebido o evento em 2019.

Boleiro como Lula, Bolsonaro gosta de fazer média com clubes. Embora seja Palmeiras, em São Paulo, e Botafogo, no Rio, tem fama de vira-casaca. O atual presidente vestiu e exibiu em público quase 100 camisas de time neste mandato. Nos bastidores, não somente ajudou a articular como sancionou leis polêmicas como a do mandante, por exemplo. Abriu as portas do Palácio do Planalto para discutir temas do interesse dos clubes de futebol. Tem trânsito livre com influentes dirigentes do país como Rodolfo Landim (Flamengo) e Leila Pereira (Palmeiras).

Bolsonaro celebra título da Copa América de 2019 como se fosse dele. Foto: Ed Alves/CB.DA. Press

Eleito presidente da CBF em março, Ednaldo Rodrigues tem se mantido calado sobre eleições, mas alguns temas respingam nele Tite, por exemplo, jura que a Seleção não irá ao Palácio do Planalto se o Brasil conquistar o hexa na Copa do Catar. O ex-presidente Ricardo Teixeira fez a mesma promessa a si em 2002, quando tinha divergências com Fernando Henrique Cardosos, e a delegação voou direto de Yokohama, no Japão, para Brasília, a fim de fazer média política.

Paulo Wanderley também é cauteloso. Afinal, o governo é a maior fonte de receita do esporte olímpico. Em entrevista ao blog, em 27 de março deste ano, ele não quis revelar quem apoiaria. Preferiu mandar recado ao vencedor: “Queremos política de Estado, não de governo”, afirmou.

Presidente do Comitê Paralímpico do Brasil, Mizael Conrado esteve recentemente no amistoso do Brasil contra a Tunísia no Parque dos Príncipes, em Paris, e fez parte da caravana que foi ao Vaticano ser recebida pelo papa Francisco na Cúpula Internacional do Esporte.

As recentes reformas no projeto da Lei Geral do Esporte, por exemplo, estão de volta ao senado, ou seja, é mais um poder de barganha na queda de braço entre Lula e Bolsonaro por votos no segundo turno. Há dois caminhos na eleição mais polarizada da história do país. Diante desse quadro, CBF, COB e CPB podem ser pressionados a escolher uma rota nos próximos 26 dias. Embora o comportamento institucional seja discreto, há perda de controle em alguns casos. Neymar, por exemplo, se posicionou favorável a Bolsonaro no primeiro turno.

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Marcos Paulo Lima

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