O Corinthians foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro em 2007. Ficou em nono na fase de classificação do Paulistão de 2008, e não avançou às semifinais. O Palmeiras caiu para a segunda divisão em 2002 e em 2012. Foi reprovado nas semis do Estadual pelo Corinthians, em 2003, e nas quartas contra o Santos na temporada de 2013.
O retrospecto explica o tamanho do que fez o Santos na noite desta quarta-feira. Rebaixado em dezembro do ano passado pela primeira vez para a Série B, o Peixe está na final do Paulistão três meses depois da queda. Méritos de um presidente, de um técnico e de um time experientes na arte de lidar com os perrengues do futebol brasileiro.
Marcelo Teixeira assumiu o Santos pela terceira vez com o conhecimento de quem liderou o Santos por 10 anos. Primeiro, de 1992 a 1993. Mais à frente, de 2000 a 2009. Tomou posse sabendo exatamente o que desejava para devolver o time do Rei Pelé à elite nacional. Em vez dos Meninos da Vila, a crise pedia Homens da Vila.
Apesar das trapalhadas, buscou um técnico respeitado. Fabio Carille não havia feito bons trabalhos recentemente, mas o trabalho organizado do discípulo de Tite é sempre uma referência. Colecionou títulos no Corinthians em carreira solo. Entre eles, o Brasileirão de 2017 e justamente o tricampeonato paulista no período de 2017 a 2019. A primeira passagem pelo Santos e a oportunidade recente no Athletico-PR não foram bons, porém Marcelo Teixeira deu de ombros para o retrospecto e comprou a briga.
O dirigente também formou um elenco experiente. Por um instante, deu as costas para que o Santos tem de melhor: a base. O elenco perdeu Marcos Leonardo. Antes, havia ficado sem Ângelo Gabriel. A demanda de Teixeira era por um plantel cascudo. Buscou o zagueiro Gil e o meia Giuliano no Corinthians. Convenceu Cazares e Pedrinho a deixarem o América-MG. Buscou Otero no Aucas. Pegou Guilherme por empréstimo. Montou o quebra-cabeça.
Experiente, o Santos entrou em campo na vitória por 3 x 1 contra o Red Bull Bragantino, na Neo Química Arena, com média de idade de 30 anos. Gil (36), Diego Pituca (31), Giuliano (33) e Julio Furch (34) eram os trintões na formação inicial de Fabio Carille. Tomás Rincón (36) e Cazares (31) entraram durante a partida disputada em Itaquera.
A cereja do bolo no planejamento do Santos é a interação com a torcida na capital paulista. O Santos levou 50.132 pagantes ao Morumbi em uma manhã de domingo na vitória por 2 x 1 contra o São Bernardo na primeira fase. Arrastou 44.804 torcedores à Neo Química Arena no triunfo contra o Red Bull Bragantino. Recorde no estádio em 2024. Superou o público de 43.379 na vitória do dono da casa, Corinthians, diante do Santo André.
Não há certeza se o plano do Santos será recompensado com título do Campeonato Paulista contra o Palmeiras ou o Novorizontino no início do mês de abril, porém, isso é de menos neste momento. A convicção relevante é a indicação da formação de um time forte tecnicamente e mentalmente para não sofrer na Série B e voltou sem traumas para a elite.
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