Sampaoli se molda ao Flamengo. Quando o Flamengo jogará à la Sampaoli?

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O Flamengo ainda deve uma exibição no mais puro estilo Sampaoli. Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

 

Quem acompanha minimamente a carreira de Jorge Sampaoli sabe: o Flamengo classificado para as semifinais da Copa do Brasil na vitória por 4 x 1 contra o Athletico-PR no placar agregado, garantido nas oitavas de final da Libertadores para enfrentar o Olimpia e vice-líder do Brasileirão a 10 pontos do Botafogo ainda não é à imagem e semelhança do técnico. Não, mesmo! O argentino é autoral. Gosta de ter a assinatura dele nos times por onde passa. Foi assim no Santos e no Atlético-MG. Ainda não é — nem sei se será — no clube carioca.

 

Um dos méritos do atual treinador no Flamengo tem sido entender por que os portugueses Paulo Sousa e Vítor Pereira não funcionaram à frente do elenco mais caro e badalado da América do Sul. A resposta é simples: ambos tentaram justamente ser autorais, empurrar os próprios conceitos goela abaixo do plantel de uma só vez, sem flexibilidade. Agiram como elefantes em loja de cristais.

 

Em 23 jogos, Sampaoli se moldou aos problemas e virtudes do time rubro-negro. Deu dois passos atrás para avançar um em 15 vitórias, quatro empates e quatro derrotas. Sampaoli não está acostumado a finalizar menos do que os adversários. A ter menos posse de bola. A recuar à espera de contra-ataques. A agir com pragmatismo. Nada disso combina com ele.

 

Sampaoli não desistiu da obra autoral. Ele apenas caiu na real. Gabriel Barbosa, Bruno Henrique, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Gerson, Rodrigo Caio e Filipe Luis, ou seja, sete remanescentes daquele time do ano da graça de 2019, estão quatro anos mais velho. Lidam com dramas físicos e médicos. Porém, é impossível descartá-los. Em vez de renunciá-los ou de criar ruídos desnecessários, ele se enquadrou ao plantel e deixou a vaidade temporariamente para depois. Sampaoli escolheu a contramão de Paulo Sousa e Vítor Pereira.

 

O Flamengo à imagem e semelhança de Sampaoli é aquele o primeiro tempo do empate com o Fluminense por 0 x 0 na partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. Lembra? Encurralou o tricolor no campo de defensa, deixou Fernando Diniz sufocado, sem saída, com linhas avançadas, intensidade, desarmes e passes precisos. Faltou apenas contundência.

 

Curiosamente, aquele time do empate por 0 x 0 com o Fluminense tinha oito jogadores em campo na vitória desta quarta por 2 x 0 sobre o Athletico-PR, na Ligga Arena: Wesley, Fabrício Bruno, Ayrton Lucas, Thiago Maia, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Gerson e Gabigol. O mesmo grupo teve comportamentos totalmente distintos em dois jogos igualmente eliminatórios.

 

Assim caminha o Flamengo na temporada. Com Jorge Sampaoli moldado à realidade do atual elenco. Com exibições cada vez mais parecidas com as das eras Rogério Ceni e Dorival Júnior. Minimamente consistente na defesa e letal no ataque. A pergunta do milhão é: quando o time será definitivamente aquele do primeiro tempo contra o Fluminense? Quando será, enfim, à imagem e semelhança de Sampaoli? Isso é possível ou assunto para a próxima temporada?

 

Para não dizer que não falei do Athletico-PR, a partida de Vitor Roque foi extraordinária. Sozinho, o menino de 18 anos, metade da idade do zagueiro David Luiz, azucrinou a defesa do Flamengo. Richarlison disse que a camisa 9 da Seleção Brasileira é dele e ninguém toma. Sei não… O jogador anunciado como reforço do Barcelona tem tudo para assumir o papel de centroavante na Copa do Mundo de 2026. E nem falei de Endrick, dois anos mais jovem do que ele.

 

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