Sampaoli treino Sampaoli estreará nesta quarta-feira contra o Ñublense pela Libertadores. Foto: Gilvan de Souza/Flamengo Jorge Sampaoli comandou o treino ontem e estreará amanhão contra o Ñublense. Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

Sampaoli foi didático e transparente na entrevista. Que o Flamengo deixe o homem trabalhar

Publicado em Esporte

Poucas vezes um treinador foi tão didático e transparente na apresentação em um clube como o argentino Jorge Sampaoli nesta segunda-feira, no Ninho do Urubu. O novo técnico deixou claro como pretende trabalhar. Cabe ao torcedor (fanático ou não) evitar se fingir de sonso e deixar o nono técnico da era Rodolfo Landim trabalhar. 

 

Se você criticava o sistema com três zagueiros do Vítor Pereira, saiba que Sampaoli também curte esse modelo. O formato está na lista dos repertórios táticos do profissional de 63 anos. Ele falou, inclusive, em atacar no 3-2-5 ou até mesmo no 3-1-6. Na semana passada, mostrei que Vítor Pereira estava, sim, alinhado com o que há de mais moderno nos conceitos táticos do futebol europeu. O Manchester City e a Inter abriram vantagem contra Bayern de Munique e Benfica nas quartas de final da Champions League, respectivamente, com três defensores. Os problemas do português eram outros: a falta de empatia, as opções confusas, a ausência de continuidade no que se pretendia ou não fazer.  

 

“Às vezes, é necessário jogar com três zagueiros em linha de quatro, três centrais em linha de três. Vai depender da partida. Normalmente, o sistema mãe é 3-2-5 para atacar e vamos utilizar em muitas partidas. Às vezes, 3-1-6 no ataque. A saída de bola será totalmente diferente, mas a estrutura que hoje uma das equipes mais importantes do mundo utiliza, que é o Manchester City, joga com quatro zagueiros na linha de quatro, mas ataca com seis. Então, as características que os futebolistas podem jogar em determinado lugar não vai limitar a capacidade ofensiva da equipe”, argumentou.

 

Sampaoli deixou claro que Gabriel Barbosa e Pedro não atuarão juntos sempre. A opção pelos dois ou um deles dependerá do adversário. “No caso de Pedro e Gabigol, jogaram muito bem juntos com Dorival. Então é definir que cada jogo é diferente e que algumas vezes podem ser e outras vezes não”, sustentou o treinador.

 

Portanto, não adianta fabricar treta. Esse é o pensamento do cara. Lembro que nem sempre os times de Sampaoli atuam com especialistas no ataque. Na Copa da Rússia houve polêmica porque ele preteriu dois centroavantes goleadores. Higuaín e Agüero amargaram o banco de reservas. O pai de Higuaín ficou inconformado com o técnico. Messi fez o papel de falso nove auxiliado por Cristian Pavón, hoje vinculado ao Atlético-MG, aberto na ponta direita e Di María na esquerda no 4-3-3.

 

Chamo a atenção para outro detalhe na coletiva. O Sampaoli escalará quem ele consider melhor fisicamente e tecnicamente. Consequentemente, não se apegará a grifes badaladas ou a figuras geométricas como o badalado quadrado mágico formado por Everton Ribeiro, Arrascaeta, Pedro e Gabigol. “Pelas minhas características, não penso em priorizar nada. Só penso em cada partida e em casa competição e tentaremos colocar o melhor que temos para tentar ganhar.”

 

Há um outro detalhe relevante. Sampaoli gosta de laterais construtores, o tal do lateral invertido como gosta, por exemplo, Pep Guardiola. Basta ver a evolução de Guilherme Arana com ele no Atlético-MG. Falei sobre isso com o próprio Arana na Conertura da Seleção Brasileira em Hoje em dia você tem que fazer diferentes funções. No ano passado aprendi a jogar em uma posição nova, que foi com o Jorge Sampaoli, jogando um pouco por dentro. Isso me fez muito bem porque eu não estava acostumado a jogar na parte do meio ali do campo. Sempre joguei por fora, pela lateral. Independentemente de onde eu jogar vou me adaptar super rápido para manter o meu nível e desempenhar um grande futebol”, respondeu Arana a este jornalista.

 

A melhor notícia para a torcida do Flamengo é o resgate do apego à bola. Com Vítor Pereira, o time abriu mão da posse para se defender em troca do contra-ataque. O elenco mais caro e badalado da América do Sul entrou na vibe “tem que saber sofer” nos duelos contra o Fluminense e até mesmo nos clássicos diante do Vasco na primeira fase e nas semifinais do Carioca. 

 

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