Abel Ferreira certamente conhece aquela provocação dos arquirrivais de que o Palmeiras não tem título mundial reconhecido pela Fifa, mas o técnico português guarda na manga motivação particular para projetar uma decisão dos sonhos contra o Bayern de Munique no próximo dia 11, no Qatar. Antes, óbvio, o atual campeão da Libertadores terá de passar por Tigres do México ou Ulsan Hyundai na semifinal; e o detentor do título da Champions League por Al-Duhail ou Al-Ahly.
Entra comigo no túnel do tempo. Voltemos a 2009. Abel Ferreira era lateral-direito do Sporting, comandado à época por Paulo Bento, ex-Cruzeiro. O time português estava classificado para as oitavas de final da Liga dos Campeões. Depois de avançar em segundo na fase de grupos em chave difícil contra Barcelona, Shakhtar Donetsk e Basel, o clube de Lisboa teve a “sorte” de pegar o Bayern de Munique no mata-mata.
Azar de Abel Ferreira. Se há dias difíceis na vida, aquele foi um deles. Uma das missões do lateral de 30 anos era marcar Franck Ribéry. Só esqueceram de combinar com o francês. O meia-atacante acabou com o jogo. Deu duas assistências e marcou dois dos quatro gols do massacre do Bayern de Munique por 5 x 0 na partida de ida, no Estádio José Alvalade, em Lisboa. Exibição de gala atuando justamente no setor de Abel Ferreira. Resultado: Sporting eliminado logo no primeiro round.
Paulo Bento deixou Abel Ferreira no banco de reservas na partida de volta. Não culpou o lateral, mas não o escalou desde o início. O brasileiro Pedro Silva, com passagem pelo Corinthians, ganhou a posição. A emenda saiu pior que o soneto. Sem Ribéry, o Bayern foi mais contundente: 7 x 1 no Allianz Arena. O time alemão avançou às quartas de final com placar agregado de 12 x 1. O gol de honra do Sporting foi do meia João Moutinho.
Portanto, se alguém está com sangue nos olhos para enfrentar o Bayern de Munique não é somente o Palmeiras. Abel Ferreira almeja pela oportunidade de revanche há pelo menos 11 anos. Agora, não mais como jogador. É dele a missão de brindar o Palmeiras com a inédita taça mundial. A Europa acumula sete títulos consecutivos desde 2013 — um do Bayern, um do Barcelona, um do Liverpool e quatro do Real Madrid. O último time sul-americano vencedor do torneio foi o Corinthians, em 2012, ao superar o Chelsea na decisão.
Abel Ferreira tem elenco para jogar de igual para igual com o Bayern de Munique? Sim! Tem time? Com a proposta de jogo atual, não. Vejo um Palmeiras encurralado, como na derrota por 2 x 0 para o River Plate no duelo de volta das semifinais da Libertadores. Tem estratégia para jogar por uma bola e ganhar do Bayern? Com certeza. Porém, tudo precisaria dar muito certo. O Bayern só perdeu dois jogos na temporada 2020/21. Um para o Borussia Monchendgladbach por 3 x 2 pelo Campeonato Alemão e outro contra o
Holsten Kiel nos pênaltis na surpreendente eliminação da Copa da Alemanha. Milagres acontecem, mas são poucos. Abel Ferreira sentiu na pele quando era jogador do Sporting no mata-mata das oitavas de final que terminou 12 x 1 para o time alemão no placar agregado das oitavas.
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