Salvador — O senador Romário (PL-RJ) esteve na manhã deste sábado na cerimônia de abertura do Congresso Olímpico Brasileiro, evento promovido pelo COB na capital baiana. Depois de acompanhar os discursos do presidente da entidade, Paulo Wanderley, do porta-voz do Comitê Olímpico Internacional (COI), Lenny Abbey, e do ministro da Cidadania, João Roma, o Baixinho bateu um papo com o blog sobre Sociedade Anônima do Futebol (SAF), Seleção Brasileira, Copa do Mundo, o trabalho de Tite, a dança das cadeiras na CBF e a possibilidade de o Brasil conquistar o sexto título mundial sem jogadores como ele e Ronaldo, ou seja, centroavantes. Na entrevista a seguir, Romário explica por que torce pelo sucesso de Ronaldo na SAF do Cruzeiro, elogia o início da gestão de John Textor no Botafogo e mantém o pé atrás em relação às negociações do Vasco, onde ele tem uma estátua no gramado de São Januário.
A Sociedade Anônima do Futebol (SAF) foi sancionada em agosto do ano passado pelo presidente da República e começou o ano a todo vapor. O que está achado do começo desse novo modelo de gestão dos clubes?
Em princípio, a SAF veio para modernizar o nosso futebol para evitar que clubes tradicionais, conhecidos e grandes quebrem definitivamente.
Qual é a sua avaliação do perfil desses primeiros investidores?
Uma coisa importante que tem de ser dita é que essas SAFs têm de ser feitas de uma forma profissional, com pessoas capacitadas, que saibam administrar um clube de futebol, que na verdade vai virar uma empresa. Partindo da premissa de que esses objetivos existem, eu tenho certeza que a SAF e esses investidores podem ser a grande saída para o nosso futebol.
Cruzeiro, Botafogo e Vasco são os casos mais badalados no momento. Como avalia?
A que eu melhor vejo, pelo que tenho acompanhado, é a do Botafogo. Para mim, pelo que estou vendo, está sendo conduzida da melhor maneira possível.
Sente segurança no encaminhamento da SAF do Vasco?
O Vasco existe uma corrente dizendo que a própria empresa não tem muita credibilidade pelo passado de alguns que fazem parte dela. Eu não posso confirmar isso. É o que eu ouvi. É a saída para o futebol. A partir do momento que seja feito da forma correta, vem para ficar.
E o Cruzeiro? Começou bem, mas vive momento de turbulência.
Com relação ao Cruzeiro, que iniciou esse movimento da SAF por meio do Ronaldo, eu, particularmente, estava com pensamento muito positivo de que ia acontecer. Ao longo dessas últimas semanas escutamos várias notícias, matérias dizendo que não foi exatamente aquilo que estava sendo esperado da parte do Cruzeiro, que foi dito, que foi prometido. Enfim, hoje a situação do Cruzeiro já é meio complexa.
Acha que o Ronaldo seguirá o plano de compra do Cruzeiro?
Eu, particularmente, torço para que se resolva e o Ronaldo possa fazer uma administração bem interessante. A gente, que é ex-jogador, torce. O sucesso do Ronaldo reflete no sucesso da galera que jogou futebol. Muitos acham que a gente só joga futebol e para por aí. Acredito muito que o Ronaldo possa reverter tudo isso e faça excelente administração no Cruzeiro por meio da sua SAF.
Além da SAF, está em discussão a criação da Liga. Você é a favor?
Defendo a Liga e tenho certeza de que vai sair, sim.
A CBF teve seis presidentes nos últimos 10 anos: Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero, Coronel Nunes, Rogério Caboclo e Ednaldo Rodrigues. Como você vê essa dança das cadeiras na entidade máxima do futebol brasileiro?
As pessoas que me conhecem sabem que sou muito crítico a essa instituição. Só trouxe coisas negativas para o nosso país, enriqueceu muita gente, inclusive, alguns que ali estiveram já foram presos. Eu não vou ficar aqui falando nome. Não é nem por medo. É que eu já falei tanto que as pessoas sabem exatamente quem são eles.
O próximo presidente é aqui da Bahia e deve ser efetivado…
No dia 23 vai assumir um novo presidente, que é chapa única, o Ednaldo Rodrigues. Ele, inclusive, é daqui de Salvador e tem uma história no futebol da Bahia. Foi, por muitos anos, presidente da Federação Baiana de Futebol. Falei com ele duas, três vezes, e acredito que ele tenha umas ideias diferentes dessas pessoas que passaram aí. Eu, de verdade, torço para que dê certo. Está na hora de o futebol brasileiro, no caso a CBF, ir para as mãos de pessoas que querem que o futebol realmente evolua, e não estejam interessadas em roubar e enriquecer ilicitamente.
Tite chegará à Copa dom seis anos e meio de trabalho. Confia na conquista do hexa?
O momento da Seleção não é o melhor. O Brasil se sobressai contra times mais fracos, mas quando encontra um adversário mais ou menos com a mesma qualidade técnica ou melhor, aí tem dificuldade. Essas convocações recentes têm deixado fora jogadores que atuam no próprio Brasil, principalmente de Palmeiras e Atlético-MG, fora. Não entendo o motivo. Eles têm condição de serem convocados, até porque estão jogando mais do que outros que estão lá fora. Estamos a sete meses da Copa, muitas coisas podem acontecer.
O hexa é possível?
O Brasil, pela qualidade técnica dos seus jogadores, pode mudar a forma de jogar. Eu até espero que o Tite pense um pouco assim. Como brasileiro, a gente tem que ter esperança de que a gente saia do Catar com mais um título.
Dá para ganhar o título sem um centroavante de respeito, como você, em 1994, e o Ronaldo, em 2002?
Depois da gente não ganhou não, né. Vamos ver se pode ser esse ano.
*O repórter viajou a convite do Comitê Olímpico do Brasil (COB)
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