Como se não bastasse o fantasma de Jorge Jesus, o técnico Paulo Sousa atraiu mais problemas ao ver seu goleiro preferido, Hugo Souza, falhar duas vezes no empate por 2 x 2 com o Ceará neste sábado, na Arena Castelão, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro.
Há possibilidade remota de o time rubro-negro encerrar a rodada na zona de rebaixamento. A vitória do Fluminense por 2 x 1 sobre o Atlético-PR empurrou o rival para o 15º lugar. Se o Goiás bater o Santos neste domingo, no Serra Dourada, o elenco mais badalado do Brasil ficará em 16º, ou seja, à beira do caos, como diz a música de Ney Franco. Caso o Juventude goleie o Avaí por 4 x 0, em Florianópolis, o Flamengo entrará no Z-4. A combinação de resultados é improvável, mas possível. A distância em relação ao líder temporário Corinthians já é de sete pontos.
Esse não é o único problema. Sob pressão, o Flamengo terá obrigação de confirmar, na terça-feira, a classificação antecipada às oitavas de final da Libertadores. O duelo poderia ser bem mais ameno se o time não tivesse jogado tão mal no empate por 2 x 2 com o Talleres, em Córdoba. A missão de despachar a Universidad Católica parece fácil, mas não é. Eu o convido a entrar no túnel do tempo. O até então combalido concorrente está sob nova direção. O argentino Ariel Holan assumiu a prancheta.
Lembra dele? Vou refrescar a memória.
O profissional de 61 anos calou o Maracanã em 2017. Era o técnico do Independiente na final da Copa Sul-Americana. Derrotou o Flamengo em casa por 2 x 1, arrancou empate no Rio, por 1 x 1, e impediu o título inédito da equipe comandada à época por Reinaldo Rueda. Holan não caiu de paraquedas na Universidad Católica. Em 2020, ele levou o time ao título do Campeonato Chileno. Estava no León, do México, depois passagem pelo Santos.
A Universidad Católica segue viva no Grupo H da Libertadores, mas entrará em campo desesperada contra o Flamengo. O anfitrião lidera com 10 pontos. O Talleres vem logo atrás com sete. A equipe chilena soma quatro. Uma derrota ou até mesmo empate, no Rio, pode significar o fim do caminho nesta edição do torneio continental. Holan trabalha para seus comandados chegarem vivos ao confronto direto com o Talleres na última rodada.
Novato na América do Sul, Paulo Sousa precisa estudar — e muito — os conceitos de Ariel Holan. O treinador começou no hóquei na grama. Levou a seleção feminina do Uruguai à medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo-2003. Aplica alguns conceitos da modalidade que praticou no futebol. Resumindo: foge do convencional.
Prova disso é o início dos trabalhos na Universidad Católica. Assim como Paulo Sousa, ele gosta de trabalhar com auxílio da tecnologia. Usa e abusa dos drones para filmar a movimentação do time nos treinos. Grava as atividades para fazer as devidas correções.
Na prática, o time dele foi aprovado no teste deste sábado. Venceu o Unión La Calera por 3 x 0 pelo campeonato nacional. Configurou o time no sistema tático 4-3-3 e viu o maestro Felipe Gutiérrez e o centroavante Zampedri comandarem o triunfo dentro de casa. Óbvio, o Flamengo não é o La Calera, mas recomenda-se a Paulo Sousa e seus auxiliares uma análise com lupa da movimentação do próximo adversário. Afinal, o fogo da panela de pressão nunca esteve tão alto pelas bandas da Gávea e do Ninho do Urubu.
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