20 anos depois…
Em 2003, Palmeiras e Botafogo não disputaram a primeira edição do Campeonato Brasileiro na era dos pontos corridos. Ambos foram, respectivamente, campeão e vice da Série B em um quadrangular final contra Sport e Brasiliense. Vinte anos depois, o Alvinegro é líder isolado da primeira divisão com 15 pontos em cinco rodadas, ou seja, 100% de aproveitamento, e tem no retrovisor o Alviverde, atual campeão, com 13. A canção do Legião Urbana diz que ainda é cedo. Cedo ou tarde, o mundo dá voltas…
Superstição
O Botafogo não emplaca o artilheiro do Brasileirão desde 1995. O goleador da época começava com a letra “T”, de Túlio Maravilha, que balançou as redes 23 vezes naquela edição. O time carioca ostenta neste momento uma estrela solitária em primeiro lugar na lista dos goleadores da Série A. Tiquinho Soares coleciona cinco bolas na rede em cinco rodadas. Há 23 anos, o centroavante Túlio Maravilha contabilizava quatro na mesma quantidade de partidas, ou seja, até a quinta rodada.
Resistência
Em tempos de extinção dos meias clássicos, é bonito ver Paulo Henrique Ganso desfilando com a camisa do Fluminense pelo gramado em defesa da camisa 10. Deu assistência para o gol de German Cano e balançou a rede na vitória por 2 x 0 contra o Cruzeiro, no Mineirão. E o Raphael Veiga, hein? Cada vez melhor e aparentemente com mais espaço depois da saída do parceiro Gustavo Scarpa, ele é o vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro com quatro gols.
Lupa
O trabalho do técnico Paulo Turra merece um zoom. A sequência de vitórias no cargo contra Libertad, Flamengo e fortalece não somente o trabalho dele, mas a parceria com quem o ungiu para assumir o cargo. Luiz Felipe Scolari tem sido importantíssimo para ele sentadinho ali no banco de reservas ao lado do xodó. Felipão virou para Turra o que Antônio Lopes foi para ele na Copa do Mundo de 2002, quando levou o Brasil à conquista do pentacampeonato.
Banana
Para mim, técnico que não escolhe o cobrador de pênalti de um time é banana. Não é o caso do Pepa. Ao que parece, há, sim, uma hierarquia. Bruno Rodrigues é o responsável pelas cobranças. Eu só acho estranho o técnico português desconhecer a qualidade de Henrique Dourado. O centroavante é quase impecável nos tiros de 11 metros. Independentemente disso, Dourado não tinha o direito de subverter a ordem e tentar tomar a bola das mãos do colega à força. Ridículo.
Negociador
Dorival Júnior sabe que não tem um elenco para concorrer ao título, mas, ao contrário do antecessor Rogério Ceni, sabe negociar pontos. Prova disso é que o São Paulo pontuou em todos os jogos sob o comando dele na Série A. Três contra o América-MG, um diante do Coritiba, mais três no duelo com o Internacional e um nesta quinta, na Arena Castelão, contra um adversário dificílimo como é o Fortaleza. O tricolor paulista ainda não perdeu sob o comando dele.
Embalou
O atacante brasiliense Ângelo tomou uma decisão difícil na curta carreira no início da temporada. Pretendido pelo Flamengo, ele resistiu bravamente e escolheu continuar no Santos. De lá para cá, no entanto, amargou um longo jejum de gols. Desencantou na derrota por 2 x 1 para o Cruzeiro, em Belo Horizonte, e voltou a balançar a rede no triunfo por 3 x 0 contra o Bahia. Ao que parece, a alegria está de volta aos pés do jogador nascido e criado em Samambaia.
Mundo real
Os clubes do Rio Grande do Sul jamais conquistaram o Campeonato Brasileiro na era dos pontos corridos. A última lembrança de festa é aquela do Grêmio, em 1996, na final contra a Portuguesa. Como os opostos se atraem, a dupla Gre-Nal ocupa, respectivamente, o 10º e o 11º lugares. Renato Gaúcho disse durante o Gaúcho que o time dele jogava o melhor futebol do Brasil. Os técnicos dos dois times ficavam trocando farpas no Estadual e agora são questionados no cargo.
Lição
Depois de um belo início no Campeonato Brasileiro com vitória contra o Atlético-MG, no Mineirão, e empate em alto nível contra o Palmeiras, no Maracanã, o Vasco não vence há quatro partidas consecutivas — uma vitória e três empates. A pergunta que não quer calar é: a 777 terá com o técnico Mauricio Barbieri a mesma paciência de John Textor com Luis Castro? Agira como o Red Bull Bragantino, que deu tempo ao tempo para que Barbieri consolidasse o trabalho?
Fluindo
Depois de um ano de trabalho no Santos e outro no Atlético-MG, o técnico argentino Jorge Sampaoli finalmente decidiu se matricular em um curso de língua portuguesa. Quem prestou atenção na entrevista coletiva dele depois da vitória por 2 x 0 contra o Goiás deve ter notado que o argentino está aprendendo o idioma de Camões mais rápido do que o elenco dele para assimilar o jogo posicional tão difícil de fluir e encantar e exigente torcida rubro-negra.
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