Um aspecto bacana das últimas rodadas (quase sempre sem graça) do Campeonato Brasileiro na era dos pontos corridos é a inserção de jovens promessas com potencial para brilhar na temporada seguinte. Vira uma espécie de trailer. Em 2002, vimos os precoces Robinho e Diego levarem o Santos ao título contra o Corinthians. Em 2006, Alexandre Pato despontou na saideira da Série A e ajudou o Internacional a faturar o Mundial de Clubes da Fifa. Três anos depois, Neymar e Ganso entraram em cena na reta final da edição de 2009.
A versão de 2019 vai chegando ao fim mostrando o quanto a geração nascida em 2002, que conquistou o Mundial Sub-17 em novembro naquela virada épica por 2 x 1 sobre o México, no Bezerrão, é especial, e precisa ser tratada com carinho pelos clubes e as seleções de base.
Eleito pela Fifa o melhor jogador do Mundial Sub-17, Gabriel Veron iniciará a próxima temporada como excelente alternativa para o enfraquecido ataque do Palmeiras. Provou isso na goleada sobre o Guarani no Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas. Entrou, fez dois gols e deu uma assistência. É o tipo do garoto que cairá nas graças de Jorge Sampaoli caso o treinador diga sim ao projeto alviverde. O técnico argentino não teme lançar garotos. Ele lançou Tailson contra o Vasco, em São Januário, e o menino de 20 anos decidiu a partida.
“Acho que vou lembrar como um dos dias mais felizes da minha vida pelo fato de ter feito meu primeiro gol como profissional com 17 anos. Agora é continuar trabalhando e deixar as coisas acontecerem naturalmente”, afirmou a joia alviverde.
Reinier era para ter sido o camisa 10 da Seleção no Mundial Sub-17. O Flamengo resistiu e não liberou o adolescente. O desempenho no primeiro ano como profissional é avassalador: 6 gols em 15 jogos. Média de 0,40. Vinicius Junior marcou 4 em 37 partidas em 2017 (0,10). A diferença é simples. Reinier entrou em um time extremamente organizado por Jorge Jesus. Vinicius Junior virou solução numa equipe totalmente desajustada. Logo, era prejudicado.
A tendência é que Reinier deixe o Flamengo. Há quem diga que tem negociação adiantada com o Atlético de Madrid. Outros colocam o Barcelona na briga pelo menino prodígio. Qualquer que seja o destino é uma pena para o time rubro-negro e para o futebol brasileiro. Merecíamos curti-lo um pouco mais em vez de compartilhá-lo tão cedo com a Europa.
Fora de combate desde o triunfo contra o Chile nas oitavas de final do Mundial Sub-17, Talles Magno é outro nome para ser olhado com carinho em 2020. O Vasco seria outro se o moleque estivesse em ação. Um time mais competitivo do que aquele que empatou o clássico com o Flamengo por 4 x 4. Mais interessante do que esse do empate por 1 x 1 com o Bahia. Talles deixa a sensação de que, com alguns reforços à altura dele, o Gigante da Colina será forte. Claro, tudo depende da negociação para a permanência de Vanderlei Luxemburgo.
Classificado para a fase de grupos da Libertadores, o Grêmio viu o jovem Ferreira aproveitar a oportunidade na vitória por 2 x 0 sobre o Cruzeiro, em Porto Alegre. Tímido, o guri de 21 anos mal conseguiu comentar a própria atuação. “Depois do gol, a confiança sobe mais. Se o professor precisar, estamos aí. Pensar no Goiás, depois em 2020. O ano ainda não acabou”.
E assim, no apagar das luzes, surge um Gabriel Veron aqui, um Reinier acolá, colocam um Talles Magno na pista, lançam um Ferreira da vida, um Antony do São Paulo, um Marrony do Vasco, o Lincoln do Flamengo, o bom Pepê do Grêmio, meu xará Marcos Paulo do Fluminense… Pena que veremos a jovem guarda por tão pouco tempo aqui. Talvez, nem durem até o próximo Campeonato Brasileiro.
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