Os times comandados pelo técnico Fernando Diniz costumam apresentar dois defeitos: sofrem muitos gols construídos pelos lados do campo a partir de passes longos em profundidade, ou são minados por falhas individuais causadas pela exigente construção do jogo a partir do campo defensivo. Quando vira combo, o resultado é a vitória do Racing por 3 x 1 na finalíssima da Copa Sul-Americana contra o Cruzeiro no Estádio La Nueva Olla, em Assunção, no Paraguai.
Gustavo Costas é um técnico estudioso. A comissão técnica dele certamente viu várias exibições de times comandados por Fernando Diniz e chegou a uma conclusão: como a defesa costuma jogar em linha, há vulnerabilidade nas bolas longas lançadas entre entre os laterais e os zagueiros. Arrisco dizer que o treinador do Racing assistiu ao vídeo da vitória do Uruguai contra o Brasil no ano passado pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026.
Fernando Diniz era o técnico da Seleção. O primeiro gol celeste sai de um lançamento em profundidade na esquerda, entre Yan Couto e Marquinhos. Maxi Araújo é mais rápido, chega à linha de fundo praticamente sem cobate e cruza para área. O centroavante Darwin Núñez mergulha de peixinho para abrir o placar no Estádio Centenário, em Montevidéu.
O Racing usou esse tipo de jogada pelo menos três vezes no início da final contra o Cruzeiro. A bola partia em profundidade do meio de campo, dos pés de jogadores com liberdade, sem marcação, pegando uma defesa celeste posicionada em linha. O ala Rojas e o ponta Maximiliano SAlas chegavam à linha de fundo com facilidade para cruzar.
Um gol construído assim foi anulado no início da partida por causa de um impedimento por centímetros. O lance se repetiu no segundo lance crucial da partida. Maximiliano Salas chega à linha de fundo, o goleiro Cássio falha ao não interceptar a bola passando na frente dele na pequena área e Adrián Martinez abre o placar livre de marcação.
Antes, o Cruzeiro havia sofrido o primeiro em lance iniciado devido a uma falha do volante Walace. Quintero acionou Gastón Martirena e a finalização surpreendeu Cássio. Tenho a impressão de que o sol atrapalhou a possibilidade de o goleiro da Raposa evitar o gol.
O Cruzeiro melhorou no segundo tempo. Diminuiu o placar com o incrível centroavante Kaio Jorge. O jogador de 23 anos fez gol nas quartas de final contra Libertad, nas semifinais diante do Lanús e na batalha final com o Racing. No entanto, foi insuficiente. O cronômetro virou inimigo da equipe mineira e o time se abriu para Roger Martínez decretar o título.
A derrota na Copa Sul-Americana impede o Cruzeiro de carimbar vaga à Libertadores pelo torneio continental. É preciso retomar a remada no Campeonato Brasileiro para manter no mínimo a chance de encerrar a Série A na zona de acesso à Pré-Libertadores.
Falta receber Grêmio e Palmeiras em Belo Horizonte, e viajar para duelos contra Red Bull Bragantino e Juventude. O Brasileirão ainda pode virar G-8 caso o Botafogo conquiste a Libertadores no sábado contra o Atlético-MG. Portanto, a ordem para os torcedores do Cruzeiro é fazer o óbvio: vencer os últimos quatro jogos e torcer pelo Glorioso.
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