Quem vota em quem? Entenda as articulações no colégio eleitoral da CBF

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A corrida pela iminente convocação de eleição à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em janeiro, começa a ter um cenário claro. Sob intervenção do chefe do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), José Perdiz, a entidade tem dois grupos formados. De um lado, o ex-vice-presidente da entidade, Gustavo Feijó, e o ex-vice diretor de desenvolvimento e projetos, Flávio Zveiter, compõem um bloco. Zveiter é o favorito a candidato. Do outro, o presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos.

Nesta semana, o blog conversou com influentes presidentes de federações e dos clubes a fim de mapear os votos e chegou a uma conta apresentada no fim do post. O colégio eleitoral é composto pelos 27 federações, com direito a peso 3; os 20 times da Série A em 2024, com peso dois; e os 20 da B com peso um. No total, são 141 votos em disputa.

O blog apurou em telefonemas e trocas de mensagem com cartolas do Brasil inteiro que Flávio Zveiter e Gustavo Feijó agregam 19 federações, 7 clubes da primeira divisão e três da B. O equivalente a 74 votos. Reinaldo Bastos contabiliza 8 federações, 13 times da elite e 17 de acesso. Nas contas do dirigente, 67 cédulas favoráveis à candidatura dele. A menos que haja uma improvável composição na virada do ano, o que jamais se pode descartar, a CBF voltará a ter duas chapas após 38 anos.

A eleição da entidade não apresenta dois candidatos desde 1986, quando Otávio Pinto Guimarães derrotou João Maria Medrado Dias por 13 votos a 12. À época, somente as 26 federações tinham direito a voto. Houve uma abstenção. Vinte e seis porque a do Tocantins ainda não existia. De lá para cá, todos os aspirantes ao cargo viram adversários ficarem pelo caminho, triunfaram por aclamação ou o cargo caiu no colo. Em 1989, Ricardo Teixeira disputaria o poder com Otávio Pinto Guimarães, porém este desistiu da reeleição.

As articulações são intensas e determinantes para o desfecho. Hoje, a ala liderada por Zveiter/Feijó venceria um hipotético pleito. to grupo, inclusive, tem seis dos oitos vices pré-definidos. Os indicados são: Castellar Neto, Felipe Feijó, Rubens Lopes, Michelle Ramalho, Francisco Noveletto e um nome indicado pelo presidente deposto da CBF. Ednaldo Rodrigues, que não concorrerá, recomenda Ricardo de Lima, mandatário da Federação Baiana. As outras duas cadeiras de suplente funcionam como cartas na manga no xadrez político. Em princípio, podem ficar com André Pitta (Goiás) e Ricardo Gluck Paul (Pará).  A estratégia é convencer uma das oito federações a virar a casaca. Uma desistência de federacao inviabilizaria a chapa de Bastos.

Motivo: a formalização depende do apoio de oito federações e de cinco clubes. Portanto, o presidente da Federação Paulista de Futebol está no limite. O bloco batizado de “Unidos por um novo futebol” tem como alicerces as federações do Acre (Antônio Aquino), Amapá (Roberto Góes), Mato Grosso (Aron Dresch), Paraná (Hélio Cury), São Paulo (Reinaldo Carneiro Bastos), Pernambuco (Evandro Carvalho), Rondônia (Heitor Júnior) e Tocantins (Leomar Quintanilha). Cada federação teria cadeira na vice-presidência em caso de triunfo de Reinaldo Bastos nas urnas.

A hipótese de um acordão jamais pode ser descartada. Em tese, Zveiter/Feijó têm duas cadeiras de vice vagas, ou seja, margem de manobra. Reinaldo Bastos estava do lado de Ednaldo Rodrigues até a reunião no gabinete do presidente do Congresso Nacional, Arthur Lira. O parlamentar é aliado de Gustavo Feijó e costurou o acordo para que Ednaldo Rodrigues rompesse com Bastos. O dirigente, que esteve ao lado de Ednaldo e Perdiz no início da intervenção, sentiu-se apunhalado e partiu para uma candidatura própria.  O lançamento teve o apoio inicial de parte dos clubes paulistas. Hoje, o Red Bull Bragantino consta no grupo e Zveiter/Feijó.

Nos bastidores, um áudio gravado por Reinaldo Bastos teria pressionado os clubes a formarem um bloco e se fecharem pela candidatura dele. A ação detonou uma guerra no colégio eleitoral. Embora os apoios estejam claros, há temor de traições. De acordo com o Estatuto da CBF, o voto é secreto. Portanto, há, sim, chance de reviravoltas na hora da verdade. Afinal, como diz o experiente amigo jornalista Luiz Prósperi: “Nunca subestime esses cartolas. Tudo muda como as nuvens”.

MAPA DO COLÉGIO ELEITORAL

27 federações = 81 votos

20 clubes da Série A = 40 votos

20 clubes da Série B = 20 votos

181 votos em jogo

» Flávio Zveiter/Gustavo Feijó (74 votos)

Situação em 29/12/2023

19 Federações (57 votos)

Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santos, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e Sergipe.

7 Clubes da Série A (14 votos)

Bahia, Botafogo, Flamengo, Grêmio, Red Bull Bragantino, Vasco e Vitória.

3 Clubes da Série B (3 votos)

Brusque, CRB e Paysandu

» Reinaldo Carneiro Bastos (67 votos)

Situação em 29/12/2023

8 Federações (24 votos)

Acre. Amapá, Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Pernambuco, Rondônia e Tocantins

13 Clubes da Série A (26 votos)

Atlético-GO, Athletico-PR, Atlético-MG, Criciúma, Cruzeiro, Cuiabá, Juventude, Fortaleza, Fluminense, São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Internacional.

17 Clubes da Série B (17)

Amazonas, América-MG, Ponte Preta, Chapecoense, Avaí, Botafogo-SP, Ceará, Coritiba, Goiás, Novorizontino, Guarani, Ituano, Mirassol, Operário-PR, Santos, Sport, Vila Nova.

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Marcos Paulo Lima

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