Um é pouco, dois é bom, três é demais! A terceira partida de Adenor Leonardo Bacchi à frente da Seleção Brasileira é novamente contra um técnico… argentino. Na estreia, o comandante verde-amarelo derrotou o Equador, de Gustavo Quinteros, por 3 x 0, em Quito. Na segunda exibição, teve um trabalho danado para superar a Colômbia, de José Pekerman, em Manaus, por 2 x 1. O próximo hermano pelo caminho é o ousado Angel Guillermo Hoyos.
Aos 53 anos, o técnico da Bolívia coleciona algumas histórias inusitadas. Por exemplo: é amigaço de Lionel Messi. Angel Guillermo Hoyos treinou o jogador eleito cinco vezes melhor do mundo na passagem pelas categorias de base do Barcelona. A relação é tão próxima que Messi parabenizou Hoyos quando o compatriota assumiu a Bolívia em agosto. “Nos falamos pelo WhatsApp”, contou o técnico. Hoyos e Messi trabalharam juntos no Barcelona B nas temporadas de 2003/2004 e de 2004/2005. Além de Messi, o elenco tinha nomes como Oleguer e Piqué. “Deus colocou Messi no meu caminho. Quem diria naquela época que ele seria esse jogador fabuloso que é hoje”, lembrou recentemente.
A história de vida de Angel Guillermo Hoyos impressiona. Em entrevista à rádio El Deber FM 103,3 da Bolívia, no mês passado, o técnico da Bolívia contou que teve uma infância difícil. Para sobreviver, engraxou sapatos e vendeu jornal na rua antes de entrar para o mundo da bola. O técnico revela, ainda, que foi alfabetizado no início da adolescência. “Eu tive uma infância muito difícil. Aprendi a ler e a escrever aos 11 anos, pois tinha que engraxar sapatos, abrir porta de táxi, vender jornais”, recorda Angel Guillermo Hoyos.
Como jogador, estreou ao 16 anos vestindo a camisa do Banfield, da Argentina. Foi um cigano da bola. Foi do Real Madrid ao modesto Blooming, da Bolívia. Defendeu a camisa do Boca Juniors por cinco anos, aventurou-se no Chile, Peru, Colômbia e Venezuela, casou-se com a mulher que se apaixonou quando tinha 14 anos e está com ela até hoje e tem dois filhos — Bochi e Carolina..
Na Copa Libertadores da América de 2012, o treinador foi herói e vilão à frente do Bolívar. Na altitude de La Paz, venceu o Santos por 2 x 1. Na volta, tomou uma chinelada de 8 x 0 na Vila Belmiro com um show do fora de série que ele terá de parar amanhã — Neymar, o parça de seu amigo Messi. Antes do duelo com o Santos, ironizou Neymar ao questionar “quem é” de forma irônica. Neymar deu show nos 8 x 0, com dois gols e três assistências e respondeu: “Prazer”. Hoyos recorreu a Messi para colocar mais lenha na fogueira. “O que ele fez foi desrespeitoso. Messi nunca faria isso”, comparou.
Quatro anos depois, Angel Guillermo Hoyos calça as sandálias da humildade. “Essa situação foi uma brincadeira. Neymar é um dos jogadores mais importantes do mundo e pode desequilibrar qualquer jogo”.