Em tempos de importação de técnicos e jogadores estrangeiros para o futebol brasileiro, o país trilha caminho contrário: exporta advogados para lutas inglórias. Especializado em direito desportivo, Eduardo Carlezzo foi contratado pela Associação Nacional de Futebol Profissional, a “CBF” do Chile, para tratar de uma suposta irregularidade cometida pelo Equador nas Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar-2022.
Quarto colocado no processo seletivo da América do Sul, o Equador está no Grupo A da Copa do Mundo. É o adversário do anfitrião Qatar na rodada inaugural do torneio, em 21 de novembro. Sétimo colocado nas Eliminatórias, o Chile acusa os equatorianos de escalar o jogador Byron Castillo de maneira irregular. O pivô da treta teria nascido na Colômbia, mas disputou oito partidas das Eliminatórias com a camisa do Equador duas vezes contra o Chile. Ele também entrou em campo contra Paraguai, Venezuela, Bolívia e Uruguai.
Uma certidão de nascimento de Byron Castillo, com o nome dos seus pais, foi encontrada na Colômbia. O documento aponta o nascimento em 1995, registrado como Bayron Javier Castillo Segura. A papelada equatoriana aponta 1998 sob o nome Byron David Castillo Segura. Se confirmado, o problema pode ser mais grave e ele arrisca ser banido do futebol. Em 2015, o lateral disputou o Sul-Americano e o Mundial Sub-17 com a camisa do Equador.
O Chile entende que, se a irregularidade for comprovada, tem direito a ganhar cinco pontos. Neste caso, o Equador seria eliminado e La Roja assumiria a vaga. Há uma coincidência nas duas certidões: o mesmo nome de pai e mãe. Para piorar, ele arrisca ter jogado competições de base como “gato”, gíria da bola usada para jogadores com data de nascimento falsificada.
Eduardo Carlezzo tem expertise no assunto. Em 2018, o advogado brasileiro também defendeu o Chile em situação parecida nas Eliminatórias para a Copa da Rússia. Representou o país no caso em que a Bolívia escalou irregularmente Nelson Cabrera. A Fifa acatou e o Chile ganhou os três pontos da partida contra a seleção boliviana. O crédito, no entanto, foi insuficiente para mudar a história do Chile. O país não se classificou e ficou fora do Mundial da Rússia. O profissional está no Chile apurando os fatos a fim de averiguar a viabilidade de reclamação.
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