Embora seja declaradamente rubro-negro, foi no Vasco que Vanderlei Luxemburgo, um dos candidatos à sucessão de Cristóvão Borges, praticamente começou sua vitoriosa carreira de técnico. Graças a um delegado — Antônio Lopes. E ao então presidente cruz-maltino, Antonio Soares Calçada.
O ano era 1981. Devido a um problema no joelho, o lateral-esquerdo Vanderlei Luxemburgo aposentou-se do futebol depois de defender Flamengo, Internacional e Botafogo. Queria ser treinador. Começou como estagiário de Antônio Lopes no Olaria e no América. Mas foi no Vasco que ele ganhou status. “Já era auxiliar remunerado. Foi boa a participação dele comigo”, conta ao blog Antônio Lopes, multicampeão no Vasco. “Formamos uma duplinha bacana. Depois dali, ele começou a voar sozinho”, acrescenta o hoje gerente de Futebol do Botafogo.
O primeiro emprego de Vanderlei Luxemburgo como técnico teve um empurrão de Antônio Lopes e do xará, o então presidente do Vasco, Antônio Soares Calçada. “Ele saiu de lá do Vasco para o Campo Grande. Pedi ao seu Calçada para dar referência dele ao presidente do Campo Grande e ele colaborou bastante. O Vanderlei foi para o Campo Grande, depois foi para o Espírito Santo (trabalhar no Rio Branco)”, recorda Antônio Lopes.
Durante a conversa, Antônio Lopes deu total apoio à possível contratação. “Vai dar certo. Vanderlei é muito competente, experiente. O Vasco tem bom elenco, bom time, só não deu liga ainda. O Luxemburgo vai consertar aquilo lá rapidamente”, aposta.
Questionado se apoiaria a contratação de Luxemburgo caso fosse consultado pelo presidente Eurico Miranda, Antônio Lopes não ficou no muro. “Daria total apoio se ele (Eurico) pedisse a minha opinião. Mas não vai pedir porque sabe muito bem quem é o Vanderlei”.
Na opinião do Delegado, nem mesmo o coração rubro-negro de Vanderlei Luxemburgo e a troca de farpas com Eurico Mirando quando comandava o Flamengo são obstáculos ao acordo. Em 2015, quando comandava o time da Gávea, o treinador criticou Eurico Miranda. “O que não faz parte do futebol é saber que o presidente da federação (Rubens Lopes) está frequentando o camarote do presidente do Vasco. O que não faz parte é o presidente do Vasco estar sentado na cadeira do presidente da federação em algum momento”, atacou.
A declaração fechou portas. Havia interesse em Luxemburgo após a saída da dupla Jorginho e Zinho. O rancor de Eurico não permitiu. O cartola preferiu Cristóvão Borges. Mas para Antônio Lopes, nem mesmo a paixão de Luxemburgo pelo Flamengo — o treinador chegou a dizer que um dia pode ser candidato a presidente — tem que ser superada. “Não tem nada disso. Eu sou vascaíno, todos sabem, e trabalhei em tudo que é lugar, inclusive no Flamengo (1987). O Vanderlei é muito profissional”, encerrou Antônio Lopes, colocando a mão no fogo pelo compadre.