Primeira virada do Flamengo na Era Sampaoli dá lastro para série de mata-matas

Publicado em Esporte
Bruno Henrique festeja o gol da virada no Maracanã. Foto: Marcelo Cortes/CRF

 

Até pouco tempo, sofrer o primeiro gol era um Deus nos acuda para o Flamengo. O risco de o time se desmantelar perturbava o torcedor rubro-negro. O comportamento foi diferente na primeira virada em 21 jogos sob o comando de Jorge Sampaoli. Aos poucos, a ansiedade é trocada pela paciência para arrombar ferrolhos como o do Athletico-PR na vitória por 2 x 1 no Maracanã pela partida de ida das quartas de final da Copa do Brasil.

 

O técnico interino Wesley Carvalho programa o Athletico-PR com uma linha de três zagueiros e dois laterais presos à marcação. Praticamente um sistema 5-4-1. Linhas baixíssima à espera dos erros de um Flamengo com a bola nos pés durante 75% do tempo da partida.

 

Os erros aconteceram: da marcação rubro-negro e da arbitragem. Uma das armas do Athletico estava desenhada. O passe em profundidade do goleiro para a disputa da primeira bola para explorar a linha defensiva alta de Jorge Sampaoli. Victor Hugo falha nessa disputa. Na sequência, Vitor Roque comete falta em Pulgar. O juiz ignora. Canobbio sai na cara de Matheus Cunha, desloca o goleiro rubro-negro e cumpre o plano do Furacão mais cedo do que o imaginado.

 

Se havia uma retranca no início na partida, Wesley Carvalho tratou de estacionar um ônibus na frente da área. O Flamengo tinha a bola, mas não finalizava. Os laterais e meias travestidos de pontas do Flamengo batiam de frente Madson e Esquivel. Pedro ficava era muito bem vigiado pelas três torres formadas por Pedro Henrique, Thiago Heleno na sobra e Zé Ivaldo.

 

Veio o segundo tempo e a desatenção de uma peça do ferrolho deu brecha à virada do Flamengo. O pênalti cometido por Madson em Arrascaeta é inaceitável para um jogador profissional. Um castigo a um jogador desorientado em uma linha defensiva povoada por adversários. Houve pênalti determinado pelo VAR. Para variar, o centroavante Pedro bateu mal, mas igualou o placar.

 

Se torcida ganha jogo, a do Flamengo teve papel fundamental na virada. Clamou pelo decisivo Bruno Henrique e o ídolo não decepcionou. Usou a cabeça para completar a cobrança de falta do meia Arrascaeta e impediu qualquer chance de defesa do ótimo goleiro Bento.

 

Escrevi na semana passada que Bruno Henrique era candidato a principal reforço do Flamengo na janela de transferências. Ironicamente, claro. Ele está no elenco desde 2019, mas se esforçava para voltar às quatro linhas o mais rapidamente possível. Não somente voltou como tem decidido jogos importantes. Fez gol contra Grêmio, Aucas e decretou a virada contra o Athletico. Uma pena não ter feito o terceiro depois de uma assistência belíssima do estreante Luiz Araújo.

 

A primeira virada na Era Sampaoli ensina o Flamengo a ter paciência daqui em diante em jogos de mata-mata. Isso não havia faltado nas oitavas de final contra o Fluminense, não faltou no primeiro round contra o Fluminense e não poderá faltar na volta, na Arena da Baixada. Afinal, a série não está decidida. O Furacão só perdeu uma vez em casa neste ano. O Flamengo não precisa vencer em Curitiba. O resultado no Rio dá a vantagem do empate na quarta-feira.