Em meio à correria dos treinos da Bolívia para enfrentar o Brasil pela segunda rodada do Grupo A do Pré-Olímpico para os Jogos de Paris-2024, o técnico Antônio Carlos Zago arrumou um tempinho na agenda para falar com o Drible de Corpo sobre o desafio de enfrentar o próprio país nesta terça-feira, às 17h, em Caracas. O treinador tem história com a camisa verde-amarela. Em 1999, era titular da Seleção comandada por Vanderlei Luxemburgo na conquista da Copa América, no Paraguai. Fazia dupla com João Carlos na vitória por 3 x 0 contra o Uruguai, no Defensores del Chaco. Na entrevista, ele fala sobre representar a Bolívia, o trunfo de ter sete jogadores do Bolívar no elenco, da relação distante com Ramon Menezes e da parceria com o filho. Giancarlo Zago é assistente dele na Bolívia. “Trabalha comigo pela competência que tem, não porque é meu filho”, avisa.
Já aconteceu com Zico, Parreira, Felipão, Joel Santana, mas, agora, é você: como projeta essa experiência de comandar a Bolívia contra o Brasil?
Enfrentar a Seleção Brasileira é uma emoção diferente. Jogar contra o seu próprio país. Mas também, hoje, a gente é profissional e tem que defender as cores da Bolívia. Então, tentar fazer de tudo para conseguir uma vitória, conseguir um resultado positivo, fazer uma boa apresentação, que é importante para nós também.
A Bolívia empatou com a Venezuela por 3 x 3. Foi uma bela estreia…
É isso que a gente vem trabalhando aqui. Eu acho que antes do jogo vai ter um pouco de ansiedade, mas quando começa acho que tudo volta ao normal.
Você nasceu em 1969. Ramon Menezes é de 1972. Jogaram juntos alguma vez? Contra, com certeza. Há alguma relação entre vocês?
Quanto ao Ramon, não, nunca joguei com ele, também não tenho nenhum relacionamento com ele. Conversei com ele em jogos, quando joguei contra, mas, a favor, nunca joguei e nunca troquei ideia com ele. É um cara que vem fazendo um bom trabalho na Seleção também e espero o melhor para ele.
A Bolívia tem sete convocados do Bolívia, time pelo qual você foi campeão do Aprtura como técnico, em 2022. É estratégico?
São jogadores que praticamente eu coloquei para jogar no time principal, quando eu trabalhava no Bolívar. Jogadores que têm qualidade, que melhoraram bastante nos últimos três anos. Tenho o Vijamil, que praticamente agora foi negociado com a LDU de Quito (Equador). Então é um passo importante para o futebol boliviano. Então, assim, são jogadores que eu conheço bem e que trabalharam comigo também. E pela qualidade, o Bolívar, acredito que é o melhor formador na Bolívia.
A Bolívia não disputa a Copa do Mundo desde 1994. Levar o país à Copa de 2026 é o seu maior desafio?
Quanto ao Mundial, a gente sonha. É duro que nós perdemos os quatro primeiros jogos das Eliminatórias. Perdemos dentro de casa para o Equador, dentro de casa é onde a gente tenta fazer a diferença. Então, estamos correndo atrás do prejuízo. Eu acho que dá para pelo menos sonhar, não sei se vamos conseguir a vaga para a Copa do Mundo, mas a gente está sonhando, estamos trabalhando para isso.
A geração é promissora?
Acredito que, se se nós não conseguirmos a classificação agora para o Mundial de 2026, acredito que para o 2030 a gente vai brigar um pouco mais em cima porque nós temos uma camada boa de jogadores aí que estão despontando.
Giancarlo Zago é seu assistente na Bolívia. Trabalhar com o filho é um facilitador?
Meu filho estudou para estar aqui. Sempre foi muito interessado por futebol. Jogou até os 19 anos. Chegou a jogar no Internacional, mas depois parou e aí foi estudar. Está terminando educação física. Fez curso em Barcelona, na Itália, vai fazer os cursos da CBF agora. Fez de analista, os da CBF.
Você é questionado por causa da parceria pai e filho?
É um menino que trabalha comigo pela competência que tem, não porque é meu filho, e está no caminho certo. Tem vontade de aprender, de melhorar, dá treinos. Tem voz ativa no treino. Isso aí é importante. A gente espera que vá melhorando sempre, e eu acredito que, no futuro, não agora, possa ser treinador também.
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