Adversário do Brasil neste domingo, às 19h, no Bezerrão, o México é uma potência no Mundial Sub-17, mas precisa sair da terra do nunca na Copa do Mundo. O país bicampeão da categoria sofre da Síndrome de Peter Pan. A impressionante competitividade no torneio para adolescentes entre 15 e 17 anos não atinge a maioridade. Vencedor do torneio em 2005 e em 2011, o México é reprovado infantilmente ano após ano nas oitavas Copa do Mundo. Não alcança as quartas desde que recebeu o megaevento pela última vez, em 1986.
O potencial do México para formar jogadores é inegável. Não faltam talentos. Aparentemente, o pecado está na transição. A seleção está na final pela quarta vez. Derrubou o Brasil na decisão de 2005. O Uruguai, em 2011. Foi vice contra a Nigéria em 2013 e quarto colocado em 2015. Para se ter uma ideia, Argentina, Alemanha, Espanha, Itália e Uruguai jamais conquistaram o Mundial Sub-17. Portanto, a camisa mexicana pesa demais nesta faixa etária.
Nas demais categorias, o México se apequena. Foi vice-campeão do Mundial Sub-20 em 1977. Voltou a figurar entre os quatro melhores no terceiro lugar obtido em 2011. O desempenho desanda na Copa do Mundo. As melhores campanhas foram em casa: sexto lugar nas edições de 1970 e de 1986, ou seja, jamais passou das quartas de final. Ausente na Copa em 1990, o México amarga a maldição das oitavas há sete edições consecutivas. Os carrascos em série foram Bulgária (1994), Alemanha (1998), Estados Unidos (2002), Argentina (2006 e 2010), Holanda (2014) e Brasil (2018).
Neste período de fracassos na Copa, o México foi bicampeão do Mundial Sub-17. A geração vencedora do torneio em 2005 colocou na vitrine os badalados Carlos Vela e Giovanni dos Santos, este último, cria do Barcelona. Os heróis do bi de 2011 praticamente não vingaram na seleção principal. Há claramente problema na transição dos adolescentes para a vida adulta, profissional no futebol. Assim como acontece no Brasil, jogadores se perdem na caminhada.
Questionei um amigo jornalista mexicano sobre o tema. Ele respondeu a minha indagação com vários pontos de interrogação. Não sabe se o drama mexicano tem a ver com dinheiro, a pressão da carreira profissional, os agentes, os interesses econômicos na indústria do futebol ou, quem sabe, o alto nível do jogo adulto, ou o aperfeiçoamento nas etapas de formação.
Alguns dirão que o México conquistou a Copa das Confederações em 1999 contra o Brasil. Faturou também a medalha de ouro (contra o Brasil) nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 e jamais perdeu decisão de título contra a poderosa camisa verde-amarela. Sim, é verdade, mas esse desempenho é tão pequeno quanto o domínio na região da Concacaf. É possível ir além.
A geração que disputará a final do Mundial Sub-17 contra o Brasil tem idade para chegar amadurecida na Copa do Mundo de 2026. O México receberá o torneio em parceria com os Estados Unidos e o Canadá. Os adolescentes serão homens com média de idade de 26 anos. Em tese, apostas como Efrain Álvarez e Israel Luna estarão próximos do auge.
Uma das virtudes da Liga MX, como é chamado o badalado campeonato nacional deles, é a cota para jovens. Todos os times são obrigados a conceder pelo menos 1.000 minutos de jogo para atletas menores de 21 anos. Antes, eram 750 minutos. A medida começou lá atrás, de 2005 a 2011, quando o México colocou no holofote Chicharito Hernández, Hector Moreno e Andres Guardado.
Dos 21 convocados para o Mundial Sub-17 no Brasil, oito pertencem a dois clubes: Chivas Guadalajara e Pachuca. A combinação pode ser a receita para o México superar a Síndrome de Peter Pan e finalmente tirar a seleção da terra do nunca. Afinal, sete eliminações consecutivas nas oitavas de fina do principal torneio de seleções do planeta é a prova de que a Copa do Mundo separa os homens dos meninos. Passou da hora de crescer, México!
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