Quarenta e um minutos do segundo tempo no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Uma bola é arremessada da arquibancada norte para dentro do gramado no início de um transição do Criciúma da defesa para o ataque. O árbitro Maguielson Lima Barbosa não observa a presença de duas bolas no gramado. Desarmado, o time catarinense tenta parar Everton Cebolinha. O atacante puxa um contra-ataque do Flamengo. O camisa 11 invade a área e o volante Barreto surpreende ao pará-lo chutando a bola esquecida dentro da grande área na bola conduzida pelo camisa 11 rubro-negro. Antes, é possível ouvir parte da torcida gritar: “a bola”, referindo-se à intrusa
Maguielson cumpre a regra e marca pênalti. Não sem antes ser criticado pela desatenção ao não interromper a partida para a retirada da bola. O blog ouviu o juiz da final da Copa do Mundo de 1982 sobre o lance mais polêmico da abertura da 18ª rodada da Série A.
“Quando jogaram aquela bola dentro da grande área, o Flamengo estava trocando passe na intermediária. O juiz está de frente. Ele viu uma segunda bola, o bandeirinha viu uma segunda bola, e a segunda bola era um objeto estranho dentro da grande área. Ele não fez nada, ele se omitiu. Tinha que ter paralisado o jogo quando o Flamengo estava com a bola lá fora da grande área trocando passe. Agora, depois, realmente o zagueiro chutando uma bola contra a bola é pênalti. Mas ele teria que parar o jogo lá fora. E cadê o VAR? Por que o VAR não chamou o árbitro para olhar”, questiona Arnaldo Cezar Coelho em entrevista ao blog Drible de Corpo.
O ex-juiz reforça didaticamente: “Aquela segunda bola dentro da grande área já estava lá enquanto o Flamengo trocava passe. Uma bola dentro da grande área não é uma segunda bola que estava lá no meio do campo ou na linha lateral. Não! Ela estava dentro da grande área onde o Flamengo provavelmente iria atacar. Imagina se um cara centra uma bola e o jogador tropeça na outra bola! É um objeto estranho. Para e dá bola ao chão lá no meio do campo, mas tira a segunda bola. Não, ele deixou correr e aconteceu o que aconteceu. O zagueiro intencionalmente chutou a bola contra a bola que estava em jogo”, argumenta.
Arnaldo Cezar Coelha atribuiu a bizarrice à imprudência do árbitro. “Houve falta de cuidado do árbitro. E o VAR? Onde estava o VAR? O VAR achou normal a segunda bola dentro do campo”, ironiza o ex-árbitro sobre o lance decisivo da partida no Mané Garrincha.
Maguielson Lima Barbosa apontou pênalti com base no artigo 1 da regra 12 do manual do jogo. A bula ordena lance livre indireto: “Arremessar um objeto na direção da bola, de um adversário ou de um membro da equipe de arbitragem, ou tocar na bola com um objeto”. Embora tenha vacilado ao não parar o jogo antes do gol, ele acertou na marcação do penal.
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