Feliz é o time que tem dois goleadores no elenco e quando um está em má fase o outro joga por dois. O Flamengo pode se dar a esse luxo. Enquanto Gabriel Barbosa lambe as feridas causadas por desventuras em série, Pedro termina a fase de grupos da Libertadores com o melhor desempenho na carreira. O centroavante disputa essa etapa pela quinta vez na carreira e jamais havia balançado a rede cinco vezes. Média de um por partida. Ele só ficou fora de um dos seis compromissos rubro-negros. Foi poupado na altitude contra o Bolívar.
Pedro disputou a Libertadores pela primeira vez em 2020. Era reserva do centroavante Gabriel Barbosa e balançou a rede duas vezes na fase de grupos. Ele repetiu a performance na edição de 2021 com dois gols. Nas temporadas de 2022 e de 2023, o camisa 9 anotou três vezes em cada uma. Em 2024, contabiliza cinco em cinco exibições. Dois deles na vitória por 3 x 0 contra o Millonarios na classificação em segundo lugar para as oitavas de final (assista ao vídeo com os melhores momentos).
A trajetória de Pedro no Flamengo deveria virar uma série motivacional para o resgate de Gabriel Barbosa. O centroavante desembarcou no Ninho do Urubu no papel de suplente do xodó da torcida. Aceitou o papel secundário e contribuiu com 23 gols e 3 assistências. Dono da camisa 9 à época, Gabigol marcou 27 vezes e deu 12 passes para gol.
Gols de Pedro na fase de grupos da Libertadores
2020: 2
2021: 2
2022: 3
2023: 3
2024: 5
Na temporada de 2021, Pedro entregou 18 gols e 7 assistências como reserva contra 34 e 10 de Gabriel Barbosa. Metade dos gols do companheiro saindo na maioria das vezes do banco de reservas. Em 2022, ambos formaram dupla de ataque após a chegada do técnico Dorival Júnior. Antes, Pedro havia demonstrado insatisfação com o banco na gestão de Paulo Sousa e indicado uma possível saída em meio a oferta de R$ 110 milhões do Palmeiras. Ficou, virou titular depois da contusão de Bruno Henrique e terminou a temporada com 29 gols e 8 assistências. Gabigol também entregou 29 gols e cinco assistências. Juntos e misturados, deram ao Flamengo a Copa do Brasil e a Libertadores.
A balança pesou pela primeira vez a favor de Pedro no ano passado. Apesar de ter levado um soco na cara do preparador físico do técnico Jorge Sampaoli e denunciado suposto assédio e preconceito religioso nos vestiários, Pedro resistiu. Conseguiu depositar 35 gols e quatro assistências na conta do Flamengo. Gabigol fez 20 e deu três passes decisivos. Bom desempenho dos dois em meio ao troca-troca de técnico. O time inicia o ano com Vítor Pereira, passa por Jorge Sampaoli e termina a temporada às ordens de Tite.
Insaciável, a torcida do Flamengo precisa entender a relevância de Pedro e Gabriel Barbosa para o elenco. Parar de agir infantilmente vaiando quem faz gol e aplaudindo o reserva ou vice-versa. Passou do tempo de Pedro ser amado. Foi artilheiro do Carioca, da Copa do Brasil, da Libertadores, Rei da América com a camisa rubro-negra. Só falta a artilharia do Brasileirão para ele exibir no currículo todas as artilharias possíveis com o ‘manto sagrado’. A lição de Pedro a Gabriel Barbosa é trabalho. O centroavante já é o quinto maior artilheiro brasileiro na história da Libertadores com 24 gols. Sete atrás do reserva rubro-negro. Um exemplo de profissionalismo, perseverança — e resiliência.
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