Paulo Roberto 3 Paulo Roberto Santos levou o São Bento da Série D para a C e agora da C para a B. Foto: São Bento

Entrevista/Paulo Roberto Santos: ex-treinador de Fábio Carille acaba de levar o São Bento para Série B

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Ele coleciona 13 acessos na carreira. É fã de José Mourinho, de Pep Guardiola, mas vive uma fase Tite na carreira. Aos 58 anos, o técnico Paulo Roberto Santos acaba de ser protagonista de mais um milagre. É um dos responsáveis pela ascensão do São Bento para a Série B e está nas semifinais da terceirona. Perdeu em casa o jogo de ida por 1 x 0 para o CSA-AL. No ano passado, havia alçado o clube da D para a C. Com passagem pelo futebol do Distrito Federal, foi bicampeão candango à frente do Gama. No bate-papo por telefone com o blog, o carioca que faz sucesso em clubes pequenos do interior paulista explica por que não curte o apelido de Vanderlei Luxemburgo do interior e revela que Fábio Carille — líder isolado do Campeonato Brasileiro com o Corinthians — foi seu zagueiro no Grêmio Barueri. “Era um jogador muito centrado, observador, profissional, já tinha inclinação para ser treinador e está provando isso”.

 

Você foi técnico do Fábio Carille?

Sim, ele foi meu zagueiro no Grêmio Barueri de 2006 para 2007. Era um jogador muito centrado, observador, profissional, já tinha inclinação para ser treinador e está provando isso no Corinthians. Não tem um elenco caro, muito qualificado, mas formou um elenco e um time homogêneos. O Fábio Carille está de parabéns.

 

Até que ponto o apelido de Vanderlei Luxemburgo o incomoda?

Sou indiferente a isso. Um profissional de imprensa lá de Rio Claro (SP) inventou isso e a coisa pegou até hoje. Acho o Vanderlei Luxemburgo uma referência na parte tática, teve uma período de muito sucesso, chegou à Seleção, ao Real Madrid, mas depois se perdeu.

 

Você é bicampeão do Campeonato Candango como técnico. Quais são as lembranças dos títulos de 1994 e de 1998?

A maior recordação é do primeiro título. Em um dos jogos, houve uma batalha campal contra o Sobradinho lá no estádio deles (Augustinho Lima). Em 1998, uma das vitórias foi debaixo de uma forte chuva, um temporal, mas vencemos (Paulo Roberto Santos comandou o Gama apenas no primeiro turno e saiu após um desentendimento com o supervisor Edvan Aires). Tive uma parceria boa aí com o presidente da época, que era o Wagner Marques. Foi um período bom da minha vida. Eu também era o técnico do Gama na Copa do Brasil de 1998. Nós perdemos por 4 x 2 para o Flamengo no antigo Mané Garrincha (na volta o Flamengo fez 3 x 0)

 

E a passagem pelo Paranoá?

Nem cheguei a estrear. O Paranoá ia disputar a Série C (de 2004), mas o Sobradinho (na verdade o Ceilândia) tomou a vaga no tapetão e entrou no lugar. Foi uma confusão danada. Eu estava treinando a equipe. Quando soube que o Paranoá havia perdido a causa na Justiça eu decidi ir embora.

 

A sua carreira registra 13 acessos…

Sim, mas a maioria foi aqui em São Paulo. Tive um lá em Unaí também, na época em que o time disputava o Campeonato Mineiro (agora é filiado à Federação do Distrito Federal).

 

OS 13 ACESSOS DE PAULO ROBERTO SANTOS

  • 1 Pouso Alegre (MG)
  • 1 Unaí (MG)
  • 1 Minas Esporte Clube (MG)
  • 6 Rio Claro (SP) com 1 título
  • 1 Atlético Sorocaba (SP) com 1 título
  • 3 São Bento (SP)

 

Como você explica o sucesso do São Bento na Série C?

Abnegados assumiram a gestão do clube em 2013. Eles reduziram as dívidas do clube, adotaram uma política pés no chão e estão cumprindo os seus propósitos.

 

Você chegou ao clube em 2013, foi para o São Caetano, voltou, saiu de novo para o Guarani e retornou no ano passado…

Sim, conheço bem o clube. Um dos segredos do sucesso aqui é a longevidade, mas ninguém sobrevive sem resultados. A sorte é que comigo as coisas foram acontecendo logo no início do trabalho, como o terceiro lugar na Série A2 de 2014, o terceiro lugar na Série D de 2016 e agora ao acesso para a Série B de 2018.

 

Sinceramente: vocês esperavam subir para a Série B neste ano?

Não houve planejamento para isso. Fomos avançando e isso foi nos permitindo sonhar com a classificação e brigar pelo acesso. O objetivo maior (acesso para a Série B) foi atingido sem peso nenhum. Agora, nós estamos relaxados nas semifinais no confronto com o CSA, mas com esse desafio de chegar à final. Quem sabe… Nem esperávamos chegar tão longe.

 

Vão desmanchar o seu time depois da Série C. Quem deve chamar a atenção?

O Everaldo. Ele é um atacante de lado de campo, de chegada na linha de fundo, finaliza muito bem (tem dois gols na Série C) e dá muitas assistências (o artilheiro do time é Anderson Cavalo com cinco gols). Nosso orçamento é limitado, vai ser difícil segurar jogadores como ele.

 

Quem são as suas inspirações?

Eu gosto muito do José Mourinho, do Pep Guardiola, mas o momento é do Tite. Ele teve uma bela trajetória no Corinthians e realiza um excelente trabalho na Seleção Brasileira.