O reforço mais contestado do Barcelona pode estrear neste sábado contra o Alavés, na segunda rodada do Campeonato Espanhol. Paulinho custou R$ 150 milhões. Caríssimo, é verdade. Culpa da contratação do parça Neymar pelo Paris Saint-Germain por R$ 821 milhões, a mais cara da história. Inflacionou! Apesar do custo, o técnico azul-grená Ernesto Valverde sabia muito bem o que queria quando pediu a contratação do brasileiro de 29 anos: um volante com capacidade de pisar na área dos adversários e amenizar uma das deficiências do repertório de jogadas — a bola aérea.
Ernesto Valverde certamente puxou a ficha de Paulinho. Descobriu que ele tem impressionantes 102 gols na carreira. Do total, 92 foram marcados dentro área. Outros 10 saíram de fora da área. Para você ter uma ideia, Busquets, por exemplo, coleciona 14 gols pelo Barcelona e pela seleção da Espanha. Parceiro de catalão no meio de campo, Rakitic contabiliza 100 gols. Paulinho, Busquets e Rakitic são contemporâneos: 29 anos.
Paulinho oferece ao Barcelona infiltrações na defesa adversária. É o tal do elemento surpresa numa linguagem popular. A torcida do Corinthians sabe disso. Tite e os 200 milhões de torcedores da Seleção Brasileira também. Basta lembrar dos três gols dele na goleada sobre o Uruguai nas Eliminatórias, no Estádio Centenário, em Montevidéu.
Ernesto Valverde sabe também que Paulinho pode ser fundamental também na bola aérea. Dos 102 gols de Paulinho, 31 foram de cabeça, 67 com a perna direita, três com a canhota e um de peito. O Barcelona gosta de jogar com a bola no chão, mas Lionel Messi precisa de um volante como Paulinho para uma dupla função: correr por ele na marcação e ter oxigênio suficiente no cérebro para invadir a área adversária e aproveitar aqueles passes que só o camisa 10 do Barcelona sabe dar seja como armador, falso 9 ou aberto pelas pontas. Quem tem leitura de jogo, como é o caso de Paulinho, tem seus minutos de fama ao lado de Messi.
O Barcelona prefere jogar pelo chão, óbvio, é a filosofia de jogo. Entretanto, em situações de emergência, como na eliminação diante da Juventus nas quartas de final da última edição da Champions League, recorre aos cruzamentos buscando, principalmente, o grandalhão Piqué. Além do zagueiro de 1,94m, o Barcelona passa a contar com Paulinho, que tem 1,80, mas tem como virtude o excelente posicionamento. Lembram do gol que classificou o Corinthians para as semifinais da Libertadores naquele jogaço contra o Vasco? Lembram do gol que garantiu o Brasil na decisão da Copa das Confederações contra o Uruguai, no Mineirão?
Paulinho será titular do Barcelona? Neste início de temporada, com certeza não. Depois? Provavelmente também não. Ele precisa vencer a desconfiança por ter custado R$ 150 milhões. Tem que driblar o preconceito de ter vindo do futebol chinês. Da passagem traumática pelo Tottenham, da Inglaterra. Do 7 x 1. Como se não bastasse tudo isso, há concorrentes de peso em sua posição. Busquets, Rakitic, Sergi Roberto, o excelente Iniesta. Em caso de congestionamento, Paulinho pode tirar da cartola a versatilidade e brigar por posição na lateral direita com Aleix Vidal, Sergi Roberto e Semedo. Tá aí uma posição que virou terra de ninguém após a saída de Daniel Alves.
É só mais um desafio para quem um dia quebrou o gelo na Ucrânia, na Polônia, fez do Pão de Açucar um trampolim para atrair atenção do Bragantino, venceu a desconfiança da torcida do Corinthians, topou o desafio de jogar na Premier League e até na China e agora é do Barcelona.