Sir Paul McCartney começou a turnê ‘Got Back’ na capital do país dando uma aula de simpatia. Com a ajuda dos universitários, o eterno beatle fez esforço para se comunicar com os fãs no idioma de Camões, no Mané Garrincha. Memorizou algumas frases e até gírias em língua portuguesa. “Boa noite, véi” e “Show de bola” são algumas delas. Divertido para ele e a imensa plateia. A tendência é o inglês ampliar o vocabulário até o dia 16 nos concertos em Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba e no Rio de Janeiro.
Faz parte do show, mas também da educação, empatia, do respeito a uma nação e do pertencimento a ela nem que seja por alguns dias. Isso tem faltado aos técnicos estrangeiros na Série A do Campeonato Brasileiro.
Dizem que a Europa não contrata nossos profissionais, entre outras razões, porque a maioria não fala sequer inglês ou espanhol. Luiz Felipe Scolari teve dificuldade no Chelsea. Vanderlei Luxemburgo também no Real Madrid. O engajamento de Paul McCartney serve de lição aos argentinos e ao virtual técnico da Seleção Brasileira, o italiano Carlo Ancelotti. Pia Sundhage preferiu falar em inglês no ciclo de quatro anos na trupe feminina.
Não é fácil para o torcedor do Internacional ouvir e entender as entrevistas coletivas do técnico Eduardo Coudet. Trata-se da terceira passagem dele pelo país e não há o mínimo esforço para interagir em língua portuguesa.
O futebol do Flamengo não evoluía sob a batuta de Jorge Sampaoli. Em contrapartida, a relação dele com o idioma, sim. O argentino tinha aulas de português e exercitava timidamente o aprendizado nos contatos com a imprensa.
Os cruzmaltinos também sentem dificuldade para compreender Ramón Díaz nas prestações de contas do treinador depois das partidas. Esse é o segundo trabalho no Brasil. No primeiro no Botafogo passou rapidamente pelo cargo. Estava doente. Deu nem tempo de providenciar os livros.
Para quem acha absurdo cobrar no mínimo interesse pela nossa língua portuguesa dos técnicos não nascidos no Brasil ou em Portugal empregados na elite, saiba que o poliglota Pep Guardiola fala catalão, espanhol, alemão, inglês, francês e italiano. Antes de assumir o Bayern de Munique, fez imersão no idioma durante o ano sabático depois de deixar o Barcelona.
Campeão nas cinco principais ligas da Europa, Carlo Ancelotti também se expressa em vários idiomas. Falta o português, porém, o trabalho com inúmeros brasileiros torna a língua familiar ao provável técnico da Seleção.
Disposto a realizar o sonho de trabalhar na Europa, Tite decidiu se enquadrar. Fez curso de inglês antes de assumir o Flamengo. Vai que o próximo emprego seja na Premier League. Sylvinho acumulou conhecimento por onde passou e se vira muito bem na Albânia, país classificado por ele para a Eurocopa-2024.
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