O tradicional patrocínio do Banco de Brasília (BRB) aos clubes do Candangão pode ter a menor adesão da história. O blog apurou que apenas quatro dos 12 clubes da primeira divisão demonstraram interesse na verba. Em 2019, houve acordo com sete (Capital, Formosa, Taguatinga, Sobradinho, Santa Maria, Luziânia e Paracatu) e chegou a oito em 2016.
O principal argumento dos dirigentes ao “boicote” é a insatisfação com o investimento de R$ 2,5 milhões no basquete do Flamengo. O parceiro de fora do Distrito Federal recebe R$ 1 milhão a mais do que o Universo (R$ 1,5 milhão), representante da capital no NBB. O apoio ao piloto da Stock Car Pedro Cardoso da equipe Hot-Car estipulava até R$ 1 milhão. O blog apurou que a proposta apresentada aos times de futebol da cidade é de R$ 600 mil para divisão entre as 12 agremiações da primeira divisão. O BRB não confirma nem revela o montante.
Em 2019, o clube patrocinado pelo BRB que fosse campeão receberia no máximo R$ 189,5 mil. Há um cachê fixo por partida na fase de classificação (11 jogos) e aumento gradativo a partir do mata-mata. Uma fonte alega que, na verdade, alguns clubes estão enrolados na prestação de contas do ano passado. Outros não têm as certidões negativas exigidas pelo edital e, por isso, não deram entrada na papelada nesta temporada. A documentação é rigorosamente analisada.
Consultada, a instituição financeira não confirma o montante de R$ 600 mil para o Candangão 2020. “Hoje, nós ainda não temos esses dados. Em breve, teremos mais informações. O BRB iniciou negociações com a Federação de Futebol do Distrito Federal visando patrocinar a competição. As informações sobre valores e times patrocinados, em caso de aprovação, serão divulgados ao fim do processo”, respondeu a assessoria de imprensa do banco.
Se os clubes locais tivessem 1% do que foi dado ao Flamengo, faríamos coisas melhores e teríamos um compromisso muito maior com o futebol profissional. Aproveitaríamos para propor a fazer um trabalho social grande nas comunidades dos clubes hoje filiados
Márcio Coutinho, diretor de competições da FFDF
O blog apurou que quatro clubes demonstraram interesse: Capital, Taguatinga, Paranoá e Luziânia. Há um valor por jogo na primeira fase e gatilhos para as etapas seguintes da competição caso o time vinculado à marca avance. Em contrapartida, o patrocinado exibe a logomarca no uniforme e em placas de publicidade dos jogos. No ano passado, por exemplo, o sétimo lugar do Capital no Candangão rendeu ao clube R$ 90,5 mil de acordo com dados publicados no Diário Oficial do Distrito Federal. Média de R$ 6,9 mil por jogo.
Os principais candidatos ao título ignoraram o valor. O presidente do Gama, Weber Magalhães, considerou “vergonha” a proposta do BRB. O atual campeão do DF era um parceiro histórico do banco, inclusive quando figurou na Série A de 1999 a 2002. Mandatário do Real, Luis Felipe Belmonte disse que não se interessou e não chegou a ter informações do assunto.
A Federação de Futebol do Distrito Federal também está descontente. Em entrevista publicada neste sábado na edição impressa do Correio Braziliense, o diretor de competições Márcio Coutinho desabafou: “A mim, particularmente, incomoda bastante. Acredito no potencial de grandes clubes como o Flamengo como uma marca mundial a ser explorada comercialmente, mas, se os clubes locais tiverem 1% do que foi dado ao Flamengo, faríamos coisas melhores e teríamos um compromisso muito maior com o futebol profissional. Aproveitaríamos para propor a fazer um trabalho social grande nas comunidades dos clubes hoje filiados”.
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