O continente mais vitorioso na história do Mundial Sub-17 está fora das quartas de final pela primeira vez em quatro edições. Com as eliminações de Angola, Nigéria e Senegal nas oitavas de final, a África não tem mais representantes na versão brasileira do torneio.
Papa-títulos do torneio com cinco troféus, a Nigéria deu adeus contra a Holanda na terça-feira. Atual campeã europeia, a Laranjinha Mecânica cumpriu agenda social nas duas primeiras rodadas da fase de grupos, esteve muito perto da eliminação, mas resolveu jogar bola contra os Estados Unidos, goleou por 4 x 0 e avançou ao mata-mata.
Angola apresentou futebol animado na fase de grupos contra Nova Zelândia, Canadá e deu sufoco no Brasil lá em Goiânia, mas sucumbiu nas oitavas diante da Coreia do Sul. Angola esteve na Copa do Mundo uma vez, em 2006, na Alemanha. Se cumprir corretamente os passos de evolução na sub-20 até a chegada à seleção principal, o país de língua portuguesa poderá surpreender e retornar ao torneio em 2026, no México, Canadá e Estados Unidos.
Senegal era a última esperança africana. Fez jogo duro com a Espanha, mas não suportou e perdeu a qualidade da Fúria e perdeu por 2 x 1. A seleção senegalesa de Mané, que arrancou empate por 1 x 1 com o Brasil do Tite no amistoso recente em Cingapura, não inspirou a molecada aqui no Mundial Sub-17.
Vale lembrar que Camarões nem passou da fase de grupos. Perdeu para o Tajiquistão na estreia, foi derrotado pela Argentina e não suportou a Espanha. Fez um gol e sofreu seis. O governo do país “ajudou” enfraquecendo o elenco. Um decreto presidencial veta a convocação de jogadores que atuam foram do país para as seleções de base. Com isso, Etienne Eto’o, filho do ídolo do país, teve de deixar a delegação em Brasília antes do início da competição. Barel Fotso da Roma também fez as malas e abandonou o elenco.
A ausência africana nas quartas de final assusta ainda mais se olharmos para a participação do continente nas outras competições da Fifa. Nenhum país chegou às quartas de final na Copa do Mundo da Rússia em 2018. Não emplacou seleção nas últimas duas semifinais do Mundial Sub-20, em 2017 e em 2019. Agora, fracassa no Mundial Sub-17.
O boom de astros como o marfinense Didier Drogba, o camaronês Samuel Eto’o, o malinense Kanouté, o egípcio Mohamed Salah, o senegalês Mané e o gabonês Aubameyang não parece ter influenciado tanto as novas gerações. Em vez do futebol atrevido, os africanos mostrar no Brasil times obedientes taticamente, pragmáticos, buroctáticos. Esperava um pouquinho mais de abuso e competitividade, principalmente da Nigéria.
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