Palmeiras 2003 Palmeiras goleou o Botafogo por 4 x 1 na última rodada do quadrangular final. Foto: Divulgação/Palmeiras Palmeiras goleou o Botafogo por 4 x 1 na última rodada do quadrangular final. Foto: Divulgação/Palmeiras

Palmeiras x Botafogo: há 20 anos eles disputavam o título da… Série B!

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Protagonistas do duelo mais esperado do Campeonato Brasileiro neste domingo, às 16h, no Allianz Parque, em São Paulo, o vice Palmeiras e o líder Botafogo foram da humilhação à exaltação em 20 anos. Rebaixados de mãos dadas na Série A de 2002, a última disputada no formato híbrido com pontos corridos na primeira fase e mata-mata na reta final, os dois times não participaram da primeira edição na configuração atual, inaugurada em 2003. 

 

Eram tempos difíceis. O Palmeiras escolheu Jair Picerni para comandar a reconstrução do time. A disputa da segunda divisão foi uma espécie de teste de fidelidade para ídolos como o goleiro Marcos. Seis meses antes da queda, ele havia sido um dos protagonistas da conquista do penta na Copa do Mundo de 2002. Valorizado, ele escolheu ficar no time alviverde. Assumiu papel de liderança em um elenco jovem cujo goleador era Vágner Love. 

 

O Palmeiras entrou nos eixos rapidamente e disparou na primeira fase. Encerrou a etapa com 23 vitórias, 13 empates e apenas duas derrotas. A distância em relação ao segundo colocado, Botafogo, foi de seis pontos. Ambos tomaram as rédeas do torneio e caíram em grupos diferentes no quadrangular semifinal. O Palmeiras disputou duas vagas à terceira fase com Sport, Brasiliense e Santa Cruz. O Botafogo encarou Marília, Náutico e Remo. 

 

O quadrangular final reuniu Palmeiras, Botafogo, Marília e Sport. O time alviverde fez uma campanha avassaladora. Ganhou 16 dos 18 pontos possíveis. O Botafogo sofreu até o fim. Cruzou a linha de chegada com oito pontos contra cinco do Leão da Ilha e três do Marília. 

 

A reestruturação do Botafogo caiu no colo do técnico Levir Culpi. O time do goleiro Max, do zagueiro Sandro, do volante Túlio e do centroavante Dill subiu na marra. A caminhada foi bem mais difícil do que a do Palmeiras. Prova disso é a goleada alviverde por 4 x 1 na última rodada, o jogo do título. Paralelamente, Sport e Marília empatavam por 1 x 1.

 

Aquele Palmeiras: Marcos; Baiano, Gláuber, Leonardo e Lúcio; Marcinho, Magrão (Correa), Élson e Diego (Pedrinho); Edmilson (Muñoz) e Vágner Love. Técnico: Jair Picerni.

Aquele Botafogo: Max; Rodrigo Fernandes, Sandro, Edgar e Jorginho Paulista; Fernando, Túlio (Gedeil), Almir e Camacho; Edivaldo (Daniel) e Dill. Técnico: Levir Culpi.

 

O mundo deu voltas. Palmeiras e Botafogo foram rebaixados novamente depois de 2003. As idas à segunda divisão e vindas à elite deram duras lições aos dois clubes. O ex-presidente Paulo Nobre inaugurou novo tempo no Palestra Itália e pavimentou o caminho para o sucesso nas gestões de Maurício Galiotte e Leila Pereira. O clube ganhou três edições do Brasileirão, duas da Copa do Brasil e duas Libertadores de lá para cá. 

 

O investidor estadunidense John Textor assumiu o papel de “salvador da pátria” ao comprar a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) alvinegra. Passou perrengue no primeiro ano da gestão ao terminar o Brasileirão de 2022 na 11ª colocação. No segundo, é simplesmente o líder disparado da Série A com cinco pontos de vantagem justamente sobre o Palmeiras. 

 

Sou contra o discurso de que o rebaixamento faz bem aos gigantes do futebol brasileiro. Balela. A estruturação de um clube não depende da divisão na qual está alocado. Basta olhar para alguns “cases” da Série A. Fortaleza, Red Bull Bragantino e Cuiabá, por exemplo, saíram lá de baixo para retornar à Série A e se manter na elite por um bom tempo. 

 

A lembrança daquela Série B de 2003 vai muito além do título do Palmeiras e do vice do Botafogo. Aquela edição foi um marco no futebol brasileiro. Antes, o Brasileirão era marcado por viradas de mesa combinadas para resgatar rebaixados como Grêmio e Fluminense nos anos 1990. Alviverde e alvinegros não tiveram esse benefício. A ruptura com o mata-mata para abraçar o sistema de pontos corridos exigia seriedade na transição. Palmeiras e Botafogo entenderam. Sofreram. Ao contrário de outros clubes, pagaram o pedágio. Se o preço era ficar fora do primeiro Brasileiro por pontos corridos, ambos quitaram a conta. Voltaram mais de uma vez na bola à elite. 

 

Esse passado merece respeito e aplausos quando os dois times entrarem em campo no Allianz Parque para um duelo valendo não mais o acesso à primeira divisão. Estão em jogo pontos precisos na queda de braço entre líder e vice-líder. Quem sabe o título mais à frente. Será um ótimo balizador para o restante da maratona de 38 rodadas pela glória nacional.

 

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