A esperada vitória do Palmeiras por 2 x 1 contra o Corinthians neste sábado, no Allianz Parque, mostra a diferença entre um time que conseguiu contar com o maestro do meio de campo a tempo de disputar o dérbi e outro aflito à espera de um regente em recuperação de cirurgia. Raphael Veiga fez a diferença diante de um adversário cada vez mais carente das ideias de Renato Augusto. Se o alvinegro contasse no mínimo com o técnico interino Danilo dentro de campo na melhor versão, criativo, como nos velhos tempos, talvez os visitantes tivessem empatado o clássico.
Raphael Veiga não entrava em campo desde a lesão sofrida no segundo jogo da final do Paulistão contra o Água Santa. Voltou em altíssimo nível. Foi dele a cobrança de escanteio letal na cabeça de Murilo no lance do primeiro gol alviverde. Vale uma observação: todos os adversários sabem que o corner é uma arma letal do time de Abel Ferreira, mas está para aparecer um time capaz de apresentar uma bateria antiaérea capaz de detê-la. O manual de sobrevivência ensina que a boal será colocada na altura da primeira trave para uma casquinha ou finalização direta. O zagueiro Murilo fuzilou o goleiro Cássio com uma cabeçada no lado direito.
Garçom no lance do primeiro gol, Raphael Veiga foi servido por um rebote da defesa alvinegra na trama do segundo. Encheu o pé e acertou a rede do Cássio. Àquela altura, a torcida do Palmeiras começava a calcular de quanto seria o placar dilatado contra um rival sem rumo depois da troca de Fernando Lázaro por Cuca e da passagem relâmpago deste pelo cargo.
Mesmo em crise, o Corinthians contou com o espírito guerreiro de Róger Guedes — o melhor jogador do time na temporada — para incomodar o Palmeiras. O atacante até se excedeu em alguns lances ao trombar com adversários e reclamar acintosamente com o árbitro Wilton Pereira Sampaio, mas encarnou a raça corintiana em busca do empate. Foi dele a cobrança do escanteio para o gol contra de Piquerez. Guedes jura que o gol tem que ser dele na súmula.
Em uma das poucas sacações durante a partida, o técnico interino Danilo parece ter lembrado do que Mano Menezes, Tite e Cristóvão Borges fizeram com ele algumas vezes. O ex-meia atuou algumas vezes como falso nove no Corinthians. Os treinadores o posicionavam na função de centroavante. De vez em quando dava certo e ele balançava a rede. O que fez Danilo?
Colocou Paulinho em campo no lugar do meia-atacante Adson e posicionou o volante no papel de centroavante postiço ao lado de Róger Guedes. O truque quase funcionou. Paulinho perdeu um gol feito na grande área. Mandou pelos ares a excelente oportunidade de empatar o dérbi.
No fim, o clássico mostrou a diferença entre um Palmeiras que teve Raphael Veiga e um Corinthians carente de Renato Augusto. Não há substituto para o regente alvinegro. Trabalhado no 4-2-3-1, o Corinthians tinha Fausto Vera e Roni na linha de volantes e três homens de criação alinhados atrás de Yuri Alberto: Adson, Róger Guedes e Ángel Romero. É muita pobreza na articulação levando-se em conta que, do outro lado, o Palmeiras ostentava Artur, Raphael Veiga e Dudu para municiar Rony.
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