Hugo Souza defende o pênalti cobrado por Estêvão no lance crucial. Foto: Rodrigo Coca/Corinthians
Incomoda muito a falta de repertório de vários times do país para articular lances ofensivos pelo centro do campo. Há um vício quase incorrigível de olhar somente para os lados na construção das jogadas em busca dos laterais e dos pontas. Palmeiras e Corinthians se comportaram taticamente assim, no Allianz Parque, no primeiro derby do ano. O empate por 1 x 1 pela sétima rodada do Paulistão foi samba de uma nota só.
Abel Ferreira programou o Palmeiras no sistema tático 3-4-3. Na prática, o time alviverde foi agressivo no 3-6-1. Havia associações entre Mayke e Raphael Veiga pela direita. Do outro lado, Maurício, Facundo Torres e Piquerez se aproximavam. Richard Ríos posicionava-se à frente dos zagueiros Kaiky Naves, Gustavo Gómez e Murilo. Estêvão tinha liberdade para circular como ponta direita ou falso nove. Alternava com Maurício. O plano de jogo deixou evidente o óbvio: a carência de um centroavante. Não havia a opção de Flaco López.
A proposta do Palmeiras de explorar os lados do campo foi o atalho para o gol alviverde. O lateral-esquerdo Piquerez fez bela partida. Foi dele o passe nas costas do volante Carrillo e de Matheuzinho para Maurício invadir a área e estufar a rede do goleiro Hugo Souza.
Articulado no 4-3-1-2 inspirado no River Plate de Ramón Díaz campeão da Libertadores de 1996, o Corinthians na prática centralizava Memphis Depay e Coronado atrás de Yuri Alberto, porém eles eram poucos diante da marcação compacta do Palmeiras na recomposição. Pressionados, os laterais Matheuzinho e Hugo não davam suporte. No histórico River, Díaz desfrutava de Gallardo no papel de enganche, de Francescoli no ataque ao lado de Crespo. Havia os laterais Hernan Díaz, Altamirano e Sorín como válvulas de escape.
À espera de um milagre, o Timão conseguiu igualar o placar graças ao erro do volante Richard Ríos na saída de bola. Memphis Depay roubou a bola e serviu Yuri Alberto. A dupla funcionou. O camisa 9 chutou cruzado, sem defesa para o goleiro Weverton. Achei que o goleiro também falhou ao deixar o canto direito escancarado para a finalização seguida de celebração polêmica com voadora na bandeira de escanteio com escudo do Palmeiras.
O dérbi seguiu concentrado nos extremos. O Palmeiras sufocava os laterais do Corinthians e cruzava bolas para a área. A pressão aumentou com a expulsão de Yuri Alberto, punido com o segundo cartão amarelo. A variação era a arrancada de Estêvão no um contra um diante dos marcadores. O atacante tirou vantagem ao sofrer falta dentro da área.
Estêvão é fora de série, mas foi um tanto juvenil na cobrança. O posicionamento do corpo dele na cobrança indicou ao esperto Hugo Souza o canto escolhido. O goleiro alvinegro saltou para o canto direito e virou o herói da noite no Allianz Parque. Ali, naquela mesma trave, Hugo Souza havia estreado como profissional vestindo a camisa do Flamengo no empate por 1 x 1 com direito a uma exibição épica. Enquanto o inconsolável Estêvão chorava, a muralha corintiana comemorava o sexto pênalti defendido em 39 partidas.
O empate não é justo no Allianz Parque. Se houvesse vencedor, seria o Palmeiras. Apesar do samba de uma nota só, o time de Abel Ferreira foi superior do início ao fim do clássico. Faltou repertório, inclusive, para traduzir a superioridade em gol no 11 contra 10.
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