O vice do Gama e o dia em que o Paysandu resgatou a autoestima do futebol paraense

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Apesar do excesso de trocas de técnico e da guerra de vaidades na diretoria alviverde, o Gama caiu de pé diante do Paysandu na final da Copa Verde e conseguiu até uma proeza. Sob o comando de Reinaldo Gueldini, quebrou a invencibilidade de 25 jogos do Paysandu na vitória por 2 x 1 no Bezerrão. O desfecho da campanha poderia ser outro se houvesse um pouquinho mais de organização nos bastidores e atenção nos 180 minutos da decisão. Afinal, o Gama sofreu o segundo gol no jogo de ida, no Mangueirão, aos 49 do segundo tempo, e o primeiro, na volta, aos 2 minutos da etapa inicial.

A contratação do técnico italiano Amedeo Mangoni sem visto de trabalho (só tinha de turista), a contratação do ultrapassado Artur Bernardes, o rebaixamento de Gueldini — que conhece o futebol da cidade — a reles auxiliar e quatro reforços que não foram inscritos a tempo na Copa Verde puniram a desorganização. É lamentável que o time mais popular da cidade não tenha conquistado sequer vaga para a Série D. Tinha elenco para isso. Agora, resta apenas a Copa do Brasil, a partir de sábado, no duelo contra o América-RN. O Gama chegou às oitavas de final em 2004 e em 2007. Difícil acreditar em um novo milagre.

Quanto ao merecido título do Paysandu, serve — e muito — para elevar a autoestima do futebol paraense. O último título de um time de lá fora das fronteiras do estado havia sido a Série C do Campeonato Brasileiro de 2005, conquistada pelo Remo. Ausente da Série A desde 2005, o Pará viveu tempos amargos, como o desprezo por parte da Fifa e do Comitê Organizador na lista das 12 sedes da Copa do Mundo de 2014 e o duplo vice na Copa Verde. Em 2014, com o próprio Paysandu diante do Brasília. No ano passado, com o Remo, que sofreu uma virada histórica do Cuiabá-MT na decisão.

Considerado o melhor técnico do país pelo presidente da Federação Paraense e vice da CBF pela região Sudeste, coronel Nunes, Dado Cavalcanti não conseguiu igualar a marca de 26 jogos sem perder estabelecida por Givanildo Oliveira em uma das passagens pelo Paysandu, mas repetiu um feito de 2002. Naquele ano, o Paysandu faturou o Campeonato Paraense, a Copa Norte e a Copa dos Campeões em cima do Cruzeiro. Neste primeiro semestre, o Papão arrematou o Paraense e a Copa Verde. Se embolsar a Série B, o clube terá sua tríplice coroa.

Para os torcedores do Paysandu, é tempo de celebrar o título inédito, a vaga para a Copa Sul-Americana de 2017. O primeiro time do norte a disputar o segundo campeonato mais importante do continente está de volta a um torneio internacional depois da inesquecível campanha na competição mais importante das Américas, a Libertadores, em 2003, com direito a vitória por 1 x 0 sobre o Boca Juniors no lendário Estádio La Bombonera.

Marcos Paulo Lima

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