Palmeiras Rony comandou a goleada alviverde contra o Botafogo no Allianz Parque. Foto: Cesar Greco/Palmeiras Rony comandou a goleada alviverde contra o Botafogo no Allianz Parque. Foto: Cesar Greco/Palmeiras

O tempo de trabalho de Abel Ferreira é o senhor da razão da liderança isolada do Palmeiras

Publicado em Esporte

A Série A já teve quatro líderes paulistas diferentes. O menos enganoso é o melhor clube do país e da América do Sul. Se há um time, hoje, que deve ser respeitado como primeiro colocado do Campeonato Brasileiro, ele se chama Sociedade Esportiva Palmeiras. O Botafogo se comportou como emergente deslumbrado no Allianz Parque, é verdade, mas a trupe de Abel Ferreira usou quase todo o arsenal que o diferencia da concorrência nos 4 x 0. 

 

Enquanto o Flamengo vive preso a Jorge Jesus na bolha de 2019, troca de técnico pela quarta vez depois do ano da graça e protagoniza trapalhada administrativa para o país inteiro ver; e o Atlético-MG discute a relação com o sucessor de Cuca depois da derrota por 5 x 3 no baita jogo contra o Fluminense, o Palmeiras usa o tempo de trabalho a favor. 

 

A diretoria alviverde poderia ter agido exatamente como o Flamengo no ano passado. Sob o comando de Abel Ferreira, o time perdeu amargou quarto lugar no Mundial de Clubes, vices no Paulistão contra o São Paulo, na Supercopa do Brasil diante do Flamengo na Recopa Sul-Americana em duelo com o Defensa y Justicia, eliminação da Copa do Brasil contra o CRB e mais baixos do que altos na Série A. Havia ingredientes de sobra para romper com o técnico português. No entanto, o então presidente Maurício Galiotte manteve o profissional no cargo e ganhou o bi da Libertadores. 

 

A sucessora Leila Pereira colheu rapidamente a estabilidade semeada pelo antecessor. Renovou o contrato de Abel e continuou colecionando bons resultados. O Palmeiras quase levou a final do Mundial de Clubes contra o Chelsea para os pênaltis. Fortalecido, superou o Athletico-PR na Recopa e protagonizou virada épica contra o São Paulo no Paulistão. 

 

Continuidade contra e qualquer resultado, na alegria e na tristeza, é o diferencial do líder isolado do Campeonato Brasileiro. Abel Ferreira só tem menos tempo de trabalho do que o colega de trabalho Maurício Barbieri. Ele assumiu o Red Bull Bragantino dois anos antes da posse do treinador alviverde. O resultado é esse Palmeiras que se viu contra o Botafogo. 

 

Embora o Botafogo tenha facilitado a vida do Palmeiras ao se comportar de uma forma no mínimo pretensiosa na casa verde devido à nova realidade bancada pelo dono John Textor, o time paulista se impôs com um repertório ofensivo farto. Aquele time reativo, à base do contra-ataque, continua existindo, mas passou a ser uma alternativa. Depende do jogo.

 

Quando o adversário comporta-se ingenuamente, como propôs o técnico Luis Castro, a punição é severa. Aos 20 minutos, o Palmeiras vencia por 2 x 0. Sem contar o gol anulado. Quando falo em tempo de trabalho, chamo atenção, por exemplo, para uma jogada ensaiada que se tornou letal. Cobrança de escanteio e Rony ou Gustavo Gómez surgindo na primeira trave para cabecear cruzado. Quando o lance não termina na rede, causa rebote aproveitado por alguém de camisa verde. Isso é treino à exaustão. 

 

Algo parecido com o que o Flamengo liderado por Jorge Jesus fez naquele 5 x 0 contra o Grêmio. O repertório de ideias estava tão impregnado que Rodrigo Caio e Pablo Marí brincaram de fazer tabelinha na área tricolor. O time fez dois gols de escanteio na partida. 

 

Voltando à noite de gala do Palmeiras, o golaço de Wesley fez valer definitivamente o ingresso do torcedor que se habituou a ir ao Allianz Parque não mais para roer as unhas na arquibancada com uma Palmeiras que sabia sofrer. O novo modo Abel faz o adversário sofrer uma, duas, três, quatro vezes. Se não tirasse o pé, cinco ou seis. 

 

O Brasileirão teve quatro líderes diferentes em 10 rodadas. Todos paulistas. Corinthians (seis rodadas), Santos (1) e São Paulo (1). Nenhum imponente, autêntico e minimamente confiável como o Palmeiras. Primeiro colocado pela segunda vez. Quem sabe de muitas… 

 

 

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