Ironias do destino. A final da Liga dos Campeões desta temporada será no Estádio Wanda Metropolitano, em Madri, capital da Espanha. O país ibérico domina o maior torneio de clubes do mundo desde 2014. São quatro títulos do Real Madrid (2014, 2016, 2017 e 2018) e um do Barcelona (2015). A virada épica do Liverpool, por 4 x 3, pode ter mudado a ordem do futebol europeu de clubes. Quebrou paradigmas. Um delas é o seguinte: em 1º de junho, será a primeira vez, em seis temporadas, que a decisão do título não terá um time espanhol na festa.
Na última decisão sem Barcelona ou Real Madrid, o técnico do Liverpool, Jürgen Klopp, foi um dos personagens. Era o comandante do Borussia Dortmund no confronto com o Bayern Munique. Perdeu o jogo por 2 x 1 e amargou o primeiro dos dois vices da carreira na competição. O outro aconteceu no ano passado contra o Real Madrid, em Kiev.
Jürgen Klopp não merece que o raio caia três vezes na cabeça dele. O maluco beleza — aliás, como caras como esse alemão de 51 anos fazem bem ao futebol — é o responsável por outra proeza: pela primeira vez, em seis temporadas, a disputa pelo título não contará com a presença de Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo, eliminado pelo Ajax nas quartas de final. A última sem os melhores do mundo rolou justamente em 2013 no combate entre Borussia Dortmund e Bayern Munique.
A exibição épica do Liverpool inspira o Tottenham a quebrar outro paradigma: não há final inglesa desde 2008. Vou refrescar a memória: a única é aquela em Moscou, na Rússia, entre Manchester United e Chelsea. A missão do clube londrino liderado pelo argentino Maurício Pochettino é bem menos inglória que a dos Reds. O Ajax lidera a série por 1 x 0 e receberá o Hotspurs, em Amsterdã.
Na semana passada, chamei a atenção para a dificuldade dos clubes ingleses contra o Barcelona nesta temporada da Liga dos Campeões. Até então, eram cinco duelos e nenhuma vitória. Na sexta tentativa, o Liverpool fez o Barcelona pagar caro pelos triunfos sobre Tottenham, Manchester United e o próprio Liverpool.
No último parágrafo daquele texto, eu chamava atenção para o gol desperdiçado por Dembélé no último lance do jogo de ida no Camp Nou. Encerrei afirmando o seguinte: “(…)O Liverpool perdeu por 3 x 0, porém, o quarto gol desperdiçado pelo Barcelona no último lance da partida poderia ter carimbado a classificação. Não duvido da magia do Liverpool em Anfield Road. A trupe de Mohamed Salah venceu nove partidas por três ou mais gols de diferença nesta temporada. Mas o rival é o Barcelona. De Messi!”.
O Liverpool foi mágico. Venceu por mais de três gols na temporada pela décima vez em Anfield. A vítima do dia é o Barcelona. Com Lionel Messi em campo. Temos que respeitar essa camisa vermelha cinco estrelas que repetiu o feito da Roma no ano passado contra o Barcelona.
Ernesto Valverde tem muito a explicar. E acho que o telefone de Xavi tocará lá no Catar, hein…