Peguei emprestado o título do ótimo livro de James Hunter tão somente para ilustrar como os estilos de liderança do técnico da Colômbia, o “monge” Reinaldo Rueda; e do diretor esportivo do Lyon, o executivo Juninho Pernambucano, fizeram bem ao desenvolvimento de um dos novos xodós de Tite na Seleção Brasileira — o meia Lucas Paquetá.
Reinaldo Rueda é praticamente um “monge”. Figura pacífica, educada, um gentleman, Entrevistei o senhor de 64 anos mais de uma vez e tive ótimas impressões. Foi ele quem impulsionou a carreira de Lucas Paquetá no elenco profissional do Flamengo. Deu confiança ao menino do Ninho do Urubu para se firmar entre nomes badalados à época como o goleiro Diego Alves, o meia Diego e o centroavante Paolo Guerrero. Paquetá comeu a bola, por exemplo, na final da Copa Sul-Americana de 2017 contra o Independiente, no Maracanã. A versatilidade dele virou trunfo. Quase fez um golaço no jogo de volta da decisão, no Maracanã. O treinador rubro-negro era justamente Rueda.
A confiança e a paciência de Jó de Rueda com a evolução de Paquetá levaram o meia a ser vendido a se firmar no time e conquistar o mundo. Foi vendido ao Milan por 38,4 milhões de euros e logo mudou de patamar. Questionei Paquetá na entrevista coletiva desta terça-feira justamente sobre o papel do colombiano na consolidação dele como jogador profissional.
“Com relação ao Rueda, foi um cara que mudou a minha vida porque eu subi para o profissional, não tive tantas oportunidades e ele veio, confiou em mim, me colocou para jogar numa época difícil de os jogadores jovens aparecerem. Fiquei muito fez por ter tido aquela oportunidade e sou muito grato a ele”, respondeu Paquetá ao blog.
Reserva da Seleção na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, Juninho Pernambucano foi um dos articuladores da transferência de Lucas Paquetá do Milan para o Lyon em 2020 por 20 milhões de euros. O meia virou uma das referências do time francês. Fez 10 gols em 24 jogos na primeira temporada. Nesta, acumula cinco gols em 16 exibições.
Juninho Pernambucano ajuda, mas corrige. Disciplinou Lucas Paquetá recentemente por ter chegado atrasado a uma pré-reunião liderada pelo técnico holandês Peter Bosz. “Sinceramente, prefiro perder por 5 x 0 e até sair do meu cargo do que tomar certas decisões contra os nossos valores”, explicou o diretor executivo do Lyon. “Temos valores. Não é que queiramos ser melhores do que os outros, mas decidimos valores juntos. Conversei um pouco com o agente dele também. Infelizmente, não há escolha. Ainda não está claro por que ele chegou atrasado. A porta estava fechada. A partir do momento em que a porta se fecha e o treinador inicia, se um jogador não regressou sabe que algo vai acontecer”, completou o executivo do clube francês sobre o episódio do mês passado.
Lucas Paquetá não somente se enquadrou à cartilha do Lyon como é grato pelo apoio na fase de amadurecimento no futebol europeu. “O Juninho tem sido um paizão pra mim. Ele tem me dado todo apoio, carinho, sem palavra para descrever o que o Juninho tem sido para mim, a confiança que ele depositou em mim. Hoje, estou podendo recompensá-lo da forma que ele gostaria, que estar jogando o meu melhor futebol”, afirmou o titular de Tite.
Respaldado pelo “monge” Rueda e pelo “executivo” Juninho Pernambucano, Paquetá está perto de disputar a Copa do Mundo pela primeira vez. Acumula cinco gols em 24 jogos com a camisa da Seleção. Mais do que isso. Oferece a Tite variações táticas relevantes no estágio final de preparação do Brasil para a caça ao hexa daqui a um ano, no Catar.
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