O Botafogo tem dois zagueiraços. Alexander Barboza e Bastos formam baita dupla. A força física, a estatura, a velocidade e o bom posicionamento deles é um dos trunfos do sistema defensivo do melhor time do país. No entanto, um cartão amarelo no segundo tempo abalou o técnico português Arthur Jorge e quase colocou a volta alvinegra às semifinais da Libertadores depois de 51 anos em risco no triunfo nos pênaltis contra o São Paulo no MorumBis, por 5 x 4, após empate por 1 x 1 no placar agregado das quartas de final.
Alexander Barboza e Bastos anularam a referência do ataque tricolor enquanto estiveram juntos. Não deram espaço ao centroavante Calleri. A conexão dos laterais, volantes, meias e pontas com o argentino simplesmente não funcionavam. O camisa nove estava encaixotado entre um beque de 1,93m e outro de 1,84m.
Enquanto eles intimidavam Calleri, o Botafogo fazia mais uma exibição ofensiva impecável. Havia ultrapassagem, triangulações e uma variação incrível de repertório para invadir a área tricolor pelos lados e o centro até Thiago Almada abrir o placar para o Glorioso aos 15 minutos do primeiro tempo. Era tudo que havia faltado no confronto de ida, no Rio.
Obrigado a ser agressivo em busca do empate, o São Paulo acertou ao trocar o inoperante William Gomes pelo experiente Luciano e ganhou um pênalti no mínimo controverso dos responsáveis pela Arbitragem de Vídeo (VAR). Eles viram pênalti em uma bola alçada para a área. Lucas Moura cobrou sem uma gota de confiança. O goleiro John defendeu como se estivesse incorporando Jefferson, um dos ídolos recentes das traves alvinegras.
Veio o segundo tempo e com ele um quase fatal do técnico Artur Jorge. O português estava angustiado com o fato de Alexander Barboza ter recebido cartão amarelo no fim da etapa inicial. Suportou por 15 minutos e renunciou à torre mais alta do setor para a entrada de Adryelson. Resultado: Calleri passou a ter mais liberdade dentro da área devido às mudanças de posicionamento necessárias para o ajuste no setor. Bastos inverteu da direita para a esquerda a fim de que Adryelson assumisse a função de Alexander Barboza.
O empate do São Paulo sai justamente quando Calleri cabeceia de frente partindo da esquerda para o centro em cima de Bastos. Em condições normais, Alexander Barboza estaria ali para travar o duelo à parte com o herói parcial da torcida tricolor.
Parcial, pois Calleri virou vilão minutos depois ao desperdiçar a primeira cobrança de pênalti do São Paulo. Pressionado pelo goleiro John, que acertava todos os cantos, Rodrigo Nestor viu a muralha alvinegra defender e celebrar o acerto de Matheus Martins.
O Botafogo está de volta às semifinais depois de 51 anos depois de uma das maiores humilhações da história do clube. Liderava a Série A no ano passado com 12 pontos de vantagem, derreteu, despencou na tabela e teve de disputar a Pré-libertadores. Avançou, entrou na fase de grupos e acumula duas classificações gigantes. Desbancou o atual campeão brasileiro, Palmeiras; o atual campeão da Copa do Brasil, São Paulo; e pode ter pela frente o clube de maior orçamento da América do Sul, Flamengo.
Muito simbólico também o possível duelo com o Peñarol na próxima fase. O único título internacional do Botafogo foi em 1993 diante do time uruguaio na decisão da extinta Copa Conmebol. Ao São Paulo, resta fechar as feridas rapidamente. Os principais erros foram protagonizados pelas duas maiores estrelas da companhia. Lucas Moura errou pênalti no tempo regulamentar, mas depois converteu. Calleri empatou a partida e falhou nos penais.
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