New Jersey — Quem hoje critica o regulamento da Fifa por ter permitido a contratação de João Pedro durante a Copa do Mundo de Clubes da Fifa precisa refrescar a memória no discurso de conveniência: houve um tempo em que isso era considerado normal no futebol brasileiro, sul-americano e até no Velho Mundial — e poucos combatiam as brechas com veemência.
Em 1997, o Cruzeiro conquistou a Copa Libertadores da América e disputou o título da Copa Toyota, como o torneio era chamado à época, com três jogadores de aluguel: a diretoria celeste pegou emprestado Bebeto no Vitória, cujos direitos esportivo pertenciam ao falido Banco Excel; além de Donizete, o Pantera, vinclulado ao Corinthians à época; e Gonçalves, capitão do Botafogo, especificamente para o duelo contra o então campeão da Champions League, o Borussia Dortmund. Perdeu por 2 x 0.
À época, só havia um confronto direto entre os campeões da Libertadores e da Champions League. Até então, Bebeto e Donizete não tinham nada a ver com aquele Cruzeiro. Eram símbolos de outros times.
A jogada, considerada de mestre à época, custou R$ 200 mil à diretoria celeste, valor equivalente ao pagamento de 20 dias de salário do trio alvinegro. Além deles, o presidente Zezé Perrela contratou Alberto Valentim.
“Eu não quis disputar o Mundial com o time que quase foi rebaixado. Eu sentia que eu tinha que fazer alguma coisa. Eu não podia errar na omissão. E eu tinha convicção na época. Se eu levasse um time que não foi rebaixado por um ponto, eu ia ser muito cobrado também. Mas o fato é, eu contratei esses caras, e não deu tempo, não deu liga”, reconheceu Perrela em entrevista ao GE.
Há outros casos em competições nacionais e até internacional. Em 1998, Raí retornou do Paris Saint-Germain para o São Paulo na final do Campeonato Paulista. Pior para o Corinthians. O meia ajudou o tricolor a conquistar o título.
O camisa 10 não fazia parte do elenco na partida de ida vencida pelo Timão por 2 x 1, em 3 de maio de 1998. Sete dias depois, entrou em campo no triunfo por 3 x 1 no Morumbi. Foi dele o primeiro gol na conquista estadual tricolor.
Em 2005, o São Paulo aproveitou a permissão do regulamento para contratar Amoroso. O atacante foi inscrito a partir das semifinais da Libertadores no lugar de Grafite e fez a diferença nos duelos contra o River Plate e o Athletico-PR na final.
O Chelsea fez o que qualquer um dos 32 clubes do Mundial tinha o direito. Antes da Copa, o presidente Mário Bittencourt tentou Neymar. Se o camisa 10 do Santos ou qualquer outro jogador poderia ter desembarcado nos EUA para uma exibição pontual na fase de “mata” do torneio. Não com a mesmo poder econômico europeu, mas havia brecha para todos.
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