O Chelsea nunca fez tão bem — e tão mal — a um alviverde cada vez mais imponente no Brasileirão

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O Palmeiras enfrentou o Chelsea na final do Mundial de Clubes da Fifa convicto de que poderia levar a decisão nos Emirados Árabes Unidos às últimas consequências. Havia um plano para isso e quase foi cumprido se Luan não tivesse cometido pênalti no segundo tempo da prorrogação. Azpilicueta bateu e adiou o sonho do inédito título alviverde.

Aquela derrota poderia ter transformado a temporada do Palmeiras em caos. Em vez disso, fortaleceu o elenco mentalmente para as conquistas do Paulistão contra o São Paulo e da Recopa Sul-Americana diante do Athletico-PR. Mais do que isso. Deu casca grossa ao elenco para concorrer a todos os títulos possíveis no restante do ano — Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores. O Palmeiras lidera a Série A e está nas oitavas de final dos dois torneios disputados em mata-mata. Esse é o lado bom do vice no Mundial.

O lado ruim é a maratona de jogos. Para competir com o Chelsea, o Palmeiras precisou queimar etapas na temporada do calendário do futebol brasileiro. Foi o primeiro time da Série A a voltar ao batente em uma correria contra o tempo para checar bem no sonhado duelo com o campeão da Champions League. O planejamento deu certo até agora, mas só os preparadores físicos, fisiologistas e médicos do clube sabem até quando cada jogador aguentará esse ritmo alucinante. As pernas podem cobrar caro no segundo semestre.

Dos 84 gols do Palmeiras na temporada, 36 surgiram em cobranças de falta ou de escanteios, o equivalente a 42%

Hoje, a possível exaustão física do Palmeiras é a maior esperança de quem ainda sonha com o título do Campeonato Brasileiro. Na prática, é quase impossível acreditar que um timaço desse, que perdeu apenas três partidas até o meio da temporada, sairá dos trilhos nos próximos seis meses. É impossível cravar que o alviverde repetirá o Atlético-MG do ano passado e ganhará tudo, porém o trabalho mostra que ao menos um título é possível. Ouso dizer que Abel Ferreira merece demais o Brasileiro. É o que falta entre as taças possíveis. Digo possível, pois o Mundial de Clubes continua sendo terra dos europeus desde 2013.

Quanto ao clássico, o técnico Rogério Ceni continua sendo um excelente estrategista pré-jogo e um treinador confuso no segundo tempo. O desejo quase incontrolável de assinar cada triunfo como se fosse uma inovação ou revolução tática quase sempre põe quase tudo a perder. Configurou muito bem o São Paulo com três zagueiros, mas se apequenou dentro de casa ao ser encurralado dentro de casa pelo rival.

O repertório tático de Abel Ferreira foi minando o São Paulo, deixando grogue o técnico Rogério Ceni até que veio o nocaute. A defesa que ninguém passa viu dois zagueiros-artilheiros resolverem o clássico. Gustavo Gómez, que fez papel de lateral e zagueiro no mesmo jogo, decidiu com o faro de gol de um centroavante. Murilo inspirou-se no companheiro e calou definitivamente um Morumbi incrédulo. Mais uma senhora prova de força de quem faz das cobranças de faltas e escanteios atalho para as grandes conquistas. Dos 84 gols do Palmeiras na temporada, 36 surgiram em lances desse tipo, o equivalente a 42%. Os adversários que lutem para decifrar essas tramas letais.

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Marcos Paulo Lima

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