Um dia desses, conheci pessoalmente um cara mais brother do técnico do Bayern de Munique, Pep Guardiola, do que eu imaginava — o irmão dele, Pere Guardiola. Foi um cumprimento rápido, daqueles que só dá tempo de trocar cartões de contato. Graças ao ucraniano Jan Koum, inventor do WhatsApp, tive mais acesso a um dos 10 agentes de jogadores mais influentes do mundo, que tem Luis Suárez como principal cliente, via aplicativo.
A primeira troca de textos foi rápida e tímida. Entretanto, desde a excelente entrevista de Daniel Alves ao programa Bola da Vez, da ESPN Brasil, o bate-papo com Pere Guardiola se intensificou. Dani contou que Pep Guardiola toparia assumir a Seleção Brasileira quando Mano Menezes foi demitido. Estava livre, curtia ano sabático em Nova York. O lateral-direito disse, ainda, que o treinador tinha um time montadinho na cabeça.
Lá fui eu perturbar o irmão do Guardiola. A informação de que o treinador toparia assumir a Seleção era apenas uma confirmação do que o Lance! publicara em 2012, no dia da demissão de Mano. A novidade é desvendar quais seriam os 11 titulares de Guardiola se a CBF não tivesse preferido Felipão. Perguntei ao Pere se imaginava “el once ideal” do Brasil, mas ele blindou o maninho. “Olá, Marcos, perdão, mas não posso dar opinião ou informação a esse respeito. O melhor seria falar com Guardiola, mas ele não dá entrevistas exclusivas.”
Tá bom, Pere, nem ia pedir, mesmo… Decidi me debruçar sobre os campinhos táticos que coleciono em casa das eras Guardiola no Barça e no Bayern. Entrei na máquina do tempo e projetei uma Seleção Brasileira de ficção, com a cabeça dele, com o sistema tático mais usado por ele na temporada passada (4-1-4-1). Ah, e tentando achar jogadores conhecidos, com o perfil dele.
Pep Guardiola e o ex-auxiliar, Tito Vilanova, gostavam do goleiro Diego Alves. Tentaram até contratá-lo. O “delator” Daniel Alves certamente seria o lateral-direito e Marcelo, o esquerdo. A dupla de zaga contaria com Thiago Silva, outro sonho frustrado de Guardiola nos tempos de Barça, e David Luiz, que lembra um dos queridinhos dele — Puyol — ao menos na cabeleira.
Tive uma dificuldade imensa para achar um “sósia” do Busquets ou do Schweinsteiger no futebol brasileiro. Vencido pelo cansaço, eu me rendi ao Luiz Gustavo. Sem convicção, é claro. Pep Guardiola dispensou o volante quando chegou ao Bayern de Munique. Talvez a escassez o faria mudar de ideia ao assumir a Seleção. Os mais apressadinhos dirão que o time está igualzinho ao do Felipão na Copa. Calma, calma, calma, a revolução começa agora…
À frente de Luiz Gustavo, uma linha de quatro jogadores de muita técnica para dar a Pep Guardiola posse de bola, movimentação, falta de referências no ataque. Aberto na direita, Lucas. Ao lado dele, Oscar, o cara da condução da bola. Ganso, o cara da cadência, chamado por Guardiola de “maravilhoso” na véspera da final do Mundial de Clubes de 2011. E Philippe Coutinho ou Willian na ponta canhota. Na frente, o fora de série Neymar, no papel de falso 9.
Enviei meu “Pep Team” ao irmão de Guardiola. A reposta de Pere foi um joinha, que não quer dizer nada, óbvio. Valeu o desafio. Arrisco dizer que esse time encantaria e não ganharia o hexa. Mas, pelo menos, Guardiola ressuscitaria uma escola. Lembram o que ele disse após Barcelona 4 x 0 Santos na final do Mundial de Clubes 2011? “O que tentamos fazer é passar a bola o mais rápido possível. É o que o Brasil fez em toda a sua vida, segundo contavam meus pais e avós”. Ao menos, a CBF não foi pão-dura: comprou Guardiola Confidencial, o livro em português lançado no Brasil na semana passada. Que não seja só enfeite na estante, Dunga.
Coluna publicada nesta segunda (20/7) no Correio Braziliense