No aniversário do 7 x 1, não adianta fazer mesa branca. O recepcionista do purgatório dirá: “Barbosa não está mais aqui. Descansa em paz há 365 dias”

Publicado em Sem categoria

Barbosa: o injustiçado da Copa de 1950

Eu estava lá, no Mineirão, naquele 8 de julho de 2014. A saga para chegar a Belo Horizonte e ocupar o espaço reservado na tribuna de imprensa, ao lado do amigo de cobertura do Correio Braziliense, Braitner Moreira, eu deixo para contar no aniversário de 2 anos do 7 x 1, ou muito em breve, em uma ideia de livro que não sai da cabeça.

Pois bem. A cada gol da Alemanha, eu pensava no senhor Moacir Barbosa Nascimento, o Barbosa, goleiro do Brasil na última rodada do quadrangular final da Copa de 1950. Apaixonado por futebol, cresci lendo que Barbosa foi o culpado pelo gol do título da celeste, marcado por Ghiggia.

Barbosa morreu em 7 de abril de 2000. Em uma inesquecível entrevista que sinceramente não lembro agora para quem foi, ele  afirmou:

“No Brasil, a pena máxima por um crime é de 30 anos. Eu pago há 44 anos por um crime que năo cometi”.

O castigo de Barbosa no plano terreno durou 50 anos, até falecer em Santos, mas ouso dizer que a pena teve mais 14 anos no purgatório. Barbosa precisou esperar 64 anos, até 8 de julho de 2014, para cumprir a penitência. Coube a Thomas Müller, Klose, Kroos, duas vezes, Khedira e Schürrle resgatar Barbosa.

Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete gols da Alemanha foram escancarando as sete chaves que trancavam Barbosa na prisão.

Um ano depois do maior vexame da centenária história da Seleção Brasileira, o meu sonho impossível como jornalista era entrevistar Barbosa sobre o 7 x 1. Um personagem impossível de ser achado, óbvio. Não adianta nem fazer mesa branca, ligar lá no purgatório.  O recepcionista dirá:  “Ele não está aqui. Finalmente descansa em paz”.

O 7 x 1 nos ensinou da forma mais cruel possível a valorizar o que tanto desvalorizamos no Brasil: o vice. Valeu, Seleção de 1950! Desculpa por tudo…