Neymar nunca foi de levar desaforo para casa, mas aos 33 anos, o pai de quatro filhos, com passagem pelo Santos, Barcelona, Paris Saint-Germain, Al-Hilal, Seleção Brasileira, três participações em Copa do Mundo, 32 títulos e o prêmio de terceiro melhor do mundo em 2015 no currículo — atrás somente de Cristiano Ronaldo e de Lionel Messi — deveria ter aprendido a domar as próprias emoções e mostrar-se superior ao comportamento quase sempre passional da torcida. Só que não!
Neymar prefere o modo fio desencampado. Está virando rotina nos gramados do país o bate-boca com quem minimamente o perturba. Foi assim na eliminação nos pênaltis contra o CRB-AL na terceira fase da Copa do Brasil. Em vez de esfriar a cabeça no vestiário depois de converter a primeira cobrança no revés por 5 x 4, Neymar partiu furioso em direção à arquibancada para responder as provocações. Apontou para os torcedores do CRB, exibiu o escudo do Santos e fez o gesto de silêncio.
No fim de semana passado, o comportamento de Neymar se repetiu na derrota por 3 x 0 para o Mirassol pela Série A. Ostentou a camisa do Santos e fez gesto de pequeno em direção à torcida anfitriã. Estabeleceu, na ótica dele, o tamanho do clube do interior paulista.
A troca de farpas na derrota por 2 x 1 para o Internacional foi contra a própria torcida, na Vila Belmiro. Neymar não tolerou ser responsabilizado, e muito menos xingado por um fã. Resolveu tirar satisfação e disse vários impropérios. Desnecessário.
Leia também:
O peso das viradas de Flamengo e Palmeiras na caça ao líder Cruzeiro
Neymar jogou bem. Quase empatou o jogo. O camisa 10 nunca se deu bem com as críticas. A pouco menos de um ano da provável última Copa do Mundo dele, elas parecem incomodá-lo ainda mais. As ferramentas escolhidas para as respostas não são as melhores. Afinal, o técnico italiano da Seleção, Carlo Ancelotti, o monitora. A Copa de 2026 terá uma característica diferente. Um dos anfitriões, os EUA abrigam torcedores pilhados do mundo inteiro. Eles vão determinar o ambiente. As partidas serão um caldeirão de provocações, principalmente das comunidades latinas. Senti na recente cobertura da Copa do Mundo de Clubes.
Mostrar a quantidade de estrelas na camisa ou recorrer ao peso do nome não vence partidas. O PSG é o maior exemplo. Sem Mbappé, Messi e Neymar, o time francês acaba de conquistar o Campeonato Francês, a Copa da França, a inédita Champions League e o vice na primeira edição da Copa do Mundo de Clubes da Fifa.
CRB, Mirassol e o Internacional ganharam na bola. Neymar sabe disso, mas precisa ter nervos de aço para tolerar as provocações, as críticas, os memes, a zoação. Mostrar-se superior aos gestos passionais, e em alguns episódios, infantis, da torcida. Dar palco a fãs nem sempre sóbrios é baixar demais o nível.
X: @marcospaulolima
Instagram: @marcospaulolimadf
TikTok: @marcospaulolimadf

