Em 2010, quando assumiu a Seleção Brasileira, Mano Menezes, atual técnico do Inter, se propôs a promover uma revolução: romper com o estilo da primeira “Era Dunga”, muito parecida com as ideias dele no Corinthians até então, e caminhar em direção ao que faziam Barcelona e Espanha, as duas referências da época no futebol com o celebrado tiki-taka. Mano até trocou uma Data Fifa para amistosos por um período de treinos na Ciudad Deportiva Joan Gamper, casa do time azul-grená.
Posse de bola virou mantra naquele início do trabalho. “Pelo futebol apresentado nos últimos anos, eles (Barcelona) foram capazes de inspirar a seleção campeã do mundo (Espanha), então pode ser inspiração para nós também. Temos que ter a nossa própria característica, a brasileira, com base no talento. Devemos criar uma equipe que represente os nossos sonhos dentro de campo”, discursou lindamente ao assumir a Seleção.
Dois anos e meio depois, Mano teve o projeto interrompido por dois gênios da bola. O presidente da CBF José Maria Marin e o parceiro Marco Polo Del Nero decidiram demiti-lo para levar ao poder Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira. Ambos assumiram a responsabilidade de comandar o Brasil na Copa do Mundo de 2014. O restante da história você conhece bem…
Depois daquele episódio no mínimo desrespeitoso e frustrante, Mano voltou a ser Mano. Os times dele assumiram a vibe reativa. Encantavam pouco ou nada, mas eram organizados, competitivos, difíceis de serem batidos, vencedores. O Cruzeiro, por exemplo, foi bicampeão da Copa do Brasil nas edições de 2017 e 2018. Ganhou também o Mineiro em 2018 e 2019.
Mano tentou acionar modo Mano da Seleção no empate por 2 x 2 com o Nacional de Montevidéu, no Beira-Rio. O Inter concluiu a partida com 71% de posse de bola. Foi um trator nos primeiros 30 dos 90 minutos de jogo. Deixou o adversário atordoado, abriu o placar e cometeu o pecado de não resolver a partida rapidamente. Segundo dados do aplicativo Sofascore, o time colorado teve picos de 75% de posse na etapa inicial.
O problema é que o DNA do velho Mano é mais forte do que o daquele Mano da Seleção. Consciente ou inconscientemente, os times dele puxam o freio de mão. Recuam para respirar, renovar o gás, administrar o resultado ou especular à espera do contra-ataque. Esse tipo de atitude atrai notícia ruim. O Nacional aproveitou o “descanso” colorado, cresceu e empatou.
No segundo tempo, o Inter cometeu o pecado de vários times brasileiros que se propõem a ter a bola nos pés: faltou efetividade. Os donos da casa finalizaram 21 vezes. Dez delas no alvo. Carlos de Pena recolocou o Internacional na frente, mas o Inter novamente deu sorte ao azar no fim da partida. Lembra da partida de volta do Inter contra o CSA na terceira fase da Copa do Brasil? O Inter sofreu gol aos 36 do segundo tempo e precisou dos pênaltis para avançar. O Nacional empatou aos 46, nos acréscimos do segundo tempo, e frustrou o Internacional.
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