Nem só do Paris Saint-Germain vive a capital da França na elite do futebol. Enquanto o clube mais badalado do país festejou 51 anos na última quinta-feira ostentando as contratações bancadas pelo Qatar de Lionel Messi, Sergio Ramos, Georginio Wijnaldum, Gianluigi Donnarumma, Achraf Hakimi e Danilo Pereira, um projeto financiado pelo Bahrein, pequeno país insular de 705,08 km² e 1,6 milhão de habitantes localizado no Golfo Pérsico tenta alavancar o primo pobre do PSG.
Vice-líder da Ligue 2, a segunda divisão do Campeonato Francês, o Paris FC pode assumir a liderança nesta segunda-feira, às 10h45, se derrotar em casa o Auxerre, no Estádio Sébastien Charléty. Dissidência do PSG, o clube fundado em 1969 não figura na elite desde a temporada de 1978/1979. Naquela edição, enfrentou o primo rico pela última vez na elite. Houve empate por 2 x 2 no primeiro turno e por 1 x 1 no segundo. O Paris FC foi rebaixado para a Ligue 2.
A vida do Paris FC não tem sido fácil no andar inferior do futebol francês nas últimas quatro temporadas. O clube amargou o oitavo lugar em 2017/2018. Esteve próximo do acesso em 2018/2019 ao concluir o torneio em quarto. Em 2019/2020, ficou perto de cair para a terceira divisão depois do 17º lugar entre 20 concorrentes. Os dois últimos caíram.
Vizinho e adversário geopolítico do Qatar no Oriente Médio, o Bahrein decidiu comprar briga justamente em Paris. O rei Hamad bin Isa al-Khalifa autorizou investimento no Paris FC. O país comprou 20% do clube e apresentou ao presidente Pierre Ferracci o projeto de alçar o time à primeira divisão em três anos. A primeira tentativa passou perto: quinto lugar em 2020/2021. A segunda começou bem. O time tem três vitórias em três jogos: 100% de aproveitamento.
Comandante do Paris FC, o técnico René Girard era o camisa 11 da França na Copa do Mundo de 1982. Além do quarto lugar na Espanha, o ex-meia foi tricampeão francês pelo Bordeaux como jogador e levou o Montepellier ao título da Ligue 1 na temporada 2011/2012
O Paris FC passou a exibir na camisa a marca “Explore Bahrain”, apresentado como principal parceiro do clube no site oficial. Os investimentos e os patrocinadores aumentaram e a equipe parece mais estruturado para concorrer com Auxerre, Toulouse, Ajaccio, Sochaux e outros clubes tradicionais da primeira divisão atolados na Ligue 2.
Vice-líder da Ligue 2, o Paris FC é comandado pelo técnico René Girard. Aos 67 anos, o ex-meia disputou a Copa do Mundo da Espanha em 1982. Usava o número 11 na trupe do camisa 10 Michel Platini. Foi tricampeão do Campeonato Francês, bi da Copa da França e conquistou a Supercopa da França em 1986, todos como jogador do Bordeaux. Como técnico, levou o Montpellier ao título da Ligue 1 na temporada de 2011/2012.
A decisão de investir no Paris FC não é aleatória. O Bahrein não tem o mesmo poder econômico dos aliados Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, mas é tão ousado quanto. O Gulf Finance House, por exemplo, comprou o Leeds United em 2012 e o revendeu em 2014. O país também manda no Córdoba da Espanha e recebe provas da Fórmula 1.
O Bahrein esteve duas vezes próximo de disputar a Copa do Mundo. Alcançou a repescagem nas Eliminatórias para a Copa de 2006 na Alemanha e de 2010 na África do Sul. O país ficou pelo caminho contra Tinidad Tobago e Nova Zelândia, respectivamente. Recentemente, o país ocupa o 94º lugar no ranking da Fifa. É o 14º entre as potências do futebol asiático.
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