Morre Adilson Péres, ex-presidente do Ceub, o primeiro time do DF a disputar o Brasileirão

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Morreu nesta terça-feira aos 74 anos Adilson Péres, presidente do primeiro representante do Distrito Federal no Campeonato Brasileiro não unificado, ou seja, a contar de 1971, não de 1959. O advogado e ex-diretor administrativo do antigo Ceub, atual Centro Universitário de Brasília (UniCeub), faleceu em casa, nesta  madrugada, devido a uma parada cardíaca. Segundo familiares, ele chegou a ser atendido por uma equipe médica, mas não resistiu. Filho de Alberto Péres, um dos fundadores do UniCeub, Adilson deixa seis filhos e a mulher, Thamis Péres, com quem foi casado por mais de 30 anos. Ele será cremado nesta quarta, em Valparaíso (GO).

Nascido em Pouso Alegre, no interior de Minas Gerais, Adilson mudou-se para Brasília em 1959, com a família. Na capital, atuou como diretor administrativo do UniCeub e como advogado por mais de 35 anos. Ele faria 75 anos em outubro.

“Era uma pessoa que estava sempre vendo na frente, alguém perseverante, que colocava uma ideia na cabeça e não desistia de forma nenhuma”, relata o primo Jésus Péres, 74. “Foi assim que ele decidiu fundar o Ceub Esporte Clube”, acrescenta. Adilson era presidente do clube de futebol sediado em Brasília.

As atividades de futebol tiveram início em 1968 e encerraram-se em 1976. O time conquistou o Candangão em 1973 numa série de três jogos contra o Relações Exteriores. Antes, Adilson Péres mostrou habilidade política. Soube que a antiga CBF, chamada à época de CBD, aumentaria o número de participantes na elite de 26 para 40 times. O dirigente reivindicou vaga. Conseguiu. Em contrapartida, teve de profissionalizar o time.

“Era uma pessoa que estava sempre vendo na frente, alguém perseverante, que colocava uma ideia na cabeça e não desistia de forma nenhuma. Foi assim que ele decidiu fundar o Ceub Esporte Clube”
Jésus Péres, primo de Adilson Péres

Adilson Péres foi às compras e trouxe veteranos do futebol brasileiro para reforçar o time, como Rogério (ex-Grêmio), Valdir (ex-Vasco), Rildo (ex-Botafogo, Santos e Seleção), Oldair (ex-Palmeiras, Vasco, Fluminense e Atlético-MG), o zagueiro Paulo Lumumba (ex-Bonsucesso e Flamengo), o volante Jadir (ex-Grêmio), o centroavante Cláudio Garcia (ex-Fluminense), e os atacantes Dario (ex-América-MG, Palmeiras, Flamengo e Fluminense), Tuca Ferretti (ex-Botafogo) e Xisté (ex-Palmeiras).

O presidente reformou o demolido estádio Pelezão e mandou os jogos onde, atualmente, estão os condomínios localizados ao lado do Park Shopping. Coube a um jogador da cidade, Péricles de Carvalho, marcar o primeiro gol de uma equipe do DF no Brasileirão na derrota por 2 x 1 para o Coritiba, fora de casa. O time não passou da primeira fase e terminou a competição em 33º lugar entre 40 times, à frente de Náutico, Figueirense, CRB, América-RJ, Paysandu, Moto Club e Sergipe. O time também disputaria o torneio em 1974 e em 1975.

Adilson Péres e a histórica camisa amarela do Ceub

O único título rolou em 1973. Depois de amargar o vice no Candangão de 1971, o Ceub decidiu o título de 1973 contra o Relações Exteriores e superou o adversário numa série de três confrontos. Outro momento de glória foi a excursão pela Europa, África, Marrocos, Argélia, França, Iugoslávia e Espanha em exibições históricas contra o Racing Strasbourg, no Parque dos `Príncipes, casa do PSG, e duelos contra La Coruña e Real Bétis.

“Era uma pessoa muito carinhosa, atenciosa com os parentes e com as amizades. Éramos amigos de muito tempo, meu companheiro de longa jornada. Nós estudamos juntos, servimos ao Exército, jogávamos futebol e, posteriormente, fundamos o Ceub Esporte Clube. No último contato que tivemos, estávamos planejando um encontro futuro, pós-pandemia. Infelizmente, ficou apenas na ideia”
Jésus Péres, primo de Adilson Péres

Em 1972, Mané Garrincha, o Anjo das Pernas Tortas, vestiu a camisa do Ceub contra o Cruzeiro. Outros astros, como o então veterano Fio Maravilha. ex-Flamengo, também. Atual secretário de futebol na Secretaria de Esportes e Lazer do DF, o goleiro Paulo Victor, ídolo do Fluminense e reserva da Seeção na Copa de 1986, é outro nome que defendeu o Ceub.

Garrincha em ação pelo Ceub, em 1972, contra o Cruzeiro. Foto: Arquivo CB/D.A Press

A “era moderna” ou “profissional” do Candangão começou em 1976. Sem o Ceub. Naquele ano, a CBD determinou que o campeão candango representaria o DF no Brasileirão. Quando tudo indicava a presença do Ceub na competição, a CBD enxugou o calendário do meio do caminho, a federação suspendeu o torneio local e inventou um torneio relâmpago para apontar seu representante. Deu Brasília. Houve uma guerra de liminares sem fim. A CBD tirou o Distrito Federal do mapa e repassou a vaga para a Ponte Preta. Desmotivado, o Ceub deu por encerrado o departamento de futebol e abriu mão da retomada do Candangão.

*Colaborou Thais Umbelino

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Marcos Paulo Lima

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