Ele já vestia a camisa 12. Não começou como titular. Tímido, usava corte de cabelo tradicional, baixinho, nada ousado. Aos 18 anos, Marcelo entrava em campo pela primeira vez com a camisa do Real Madrid em 7 de janeiro de 2007. Curiosamente, o cronômetro apontava 12 minutos do segundo tempo quando aquele jovem número 12 revelado pelo Fluminense, contratado pelo clube espanhol na janela de transferências de inverno, pisou no gramado do Estádio Riazor para substituir o veterano lateral-direito Michel Salgado.
Aposta para suceder Roberto Carlos, Marcelo começou bagunçando o Real Madrid taticamente. Lançado pelo técnico italiano Fabio Capello durante a derrota por 2 x 0 para o La Coruña, Marcelo assumiu a lateral esquerda e viu Sergio Ramaos, que havia iniciado a partida na esquerda, virar lateral-direito. Para sorte de Marcelo, havia muito mais brasileiros no elenco do que atualmente. Roberto Carlos, Emerson, Ronaldo, Robinho e Cicinho ajudaram na adaptação. Dez anos depois, Marcelo, Casemiro e o luso-brasileiro Pepe são os únicos brasileiros sob a batuta de Zinedine Zidane.
Há várias provas de que o Real Madrid fez o investimento certo ao desembolsar 6,5 milhões de euros por Marcelo na virada de ano de 2006 para 2007. Marcelo é o segundo estrangeiros que mais vestiu a camsia do clube merengue. São 381 partidas e 26 gols — um deles na final da Champions League de 2014 contra o arquirrival Atlético de Madri, no Estádio da Luz, em Lisboa. Perde apenas para o compatriota Roberto Carlos (527 e 71 gols).
Marcelo é tão vencedor quanto Roberto Carlos no Real Madrid. Em 10 anos, conquistou duas Champions League (2014 e 2016), dois Mundiais de Clubes (2014 e 2016), duas Copas do Rei da Espanha (2011 e 2014), três Campeonatos Espanhóis (2007, 2008 e 2012), duas Supercopas da Espanha (2008 e 2012) e duas Supercopas da Uefa (2014 e 2016). No total, 13 títulos em 10 anos de Real Madrid. Com mais um, vai superar o compatriota antecessor na posição.
Roberto Carlos também acumulou 13 títulos no Real Madrid, mas em 11 anos: quatro Campeonatos Espanhóis (1997, 2001, 2003 e 2007), três Supercopas da Espanha (1997, 2001 e 2003), três Champions League (1998, 2000 e 2002), duas Copas Intercontinentais (1998 e 2002) e uma Supercopa da Uefa (2002). Sem contar o segundo lugar no prêmio de melhor do mundo da Fifa em 1997. Na apuração dos votos, Roberto Carlos perdeu apenas para o fenômeno Ronaldo.