Alan Rones Sem atividade profissional, o Ninho do Periquito é usado pela base. Foto: Alan Rones Sem atividade profissional, o Ninho do Periquito é usado pela base. Foto: Alan Rones

Luz cortada, quitada, religada, cheque pré-datado e falta de calendário: os velhos perrengues do Gama

Publicado em Esporte

Enquanto arquirrivais como Brasiliense e Ceilândia vivem uma semana especial de treinos para duelos contra Atlético-MG e Botafogo, respectivamente, pela terceira fase da Copa do Brasil, o Gama administra perrengues financeiros neste começo de semana.

Quarto colocado no Candangão, o clube mais popular do Distrito Federal teve o serviço de energia elétrica do Centro de Treinamento Ninho do Periquito suspenso por falta de pagamento na segunda-feira. O clube acumulava dívida de R$ 7.750 com a Neoenergia, antiga CEB. O elenco profissional está fechado e só será reaberto na próxima temporada, mas as divisões de base funcionam normalmente no local.

Orgulhoso por ter sido o primeiro clube do Distrito Federal — e do país — a se transformar em SAF, o Gama vive tempos de transição política e econômica. No mês passado, o ex-presidente Weber Magalhães é o vice, Arilson Machado, renunciaram. Wendel Lopes herdou os 10% de ações da Sociedade Esportiva do Gama. Os outros 90% são da SAF, especificamente da empresa Green White Investments LCC. 

Questionada na segunda-feira sobre o corte de energia, a firma disse ao blog que a diretoria anterior não havia informado sobre a dívida, mas, mesmo assim, assumiu os boletos e fez o pagamento da conta de luz. Segundo a firma, a energia seria religada nesta terça. A reportagem checou e os três boletos de R$ 2.400, R$ 2.655 e R$ 2.695, respectivamente, foram quitados. Segundo a empresa majoritária, o valor na verdade deveria ser pago pela Sociedade Esportiva do Gama. Motivo: o contrato da SEG com a SAF prevê o aluguel do Ninho do Periquito em até seis meses. O documento ainda nem teria sido redigido.

Em contato com a reportagem, o ex-vice-presidente Arilson Machado disse que os acionistas majoritários foram informados da pendência na energia elétrica por e-mail, em 23 de fevereiro.  “A energia do CT será cortada novamente, pois não foi paga a conta de luz”, alertava o texto.

Com a energia religada, o Gama procura uma luz no fim de túnel para solucionar outro problema: o clube ainda deve um mês de salário do Candangão. A forma encontrada para amenizar o descontentamento do elenco e sinalizar uma garantia de pagamento foi o repasse de um cheque pré-datado com previsão de compensação em 1º de maio, Dia do Trabalho. 

Quarto colocado no Candangão, o Gama teve a temporada encerrada depois do quarto lugar no Candangão. O time encerrou o quadrangular semifinal sem pontuar nos duelos contra o campeão Brasiliense, o vice, Ceilândia, e o terceiro, Capital. 

Sócio minoritário no acordo da SAF, a Sociedade Esportiva do Gama tem apenas 10% das ações. Os outros 90% foram adquiridos pela Green White Investments, que assumiu o departamento de futebol. A velha diretoria chegou a tentar desfazer o negócio depois em meio à demora pelos investimentos, mas perdeu a queda de braço e renunciou. A atual tenta tomar pé da situação e vive uma espécie de guerra fria com os sócios majoritários.

Enfraquecido politicamente e financeiramente eà caça de investidores, o Gama terá de administrar perrengues esportivos em 2023. O time terá calendário curto pela segunda temporada consecutiva, ou seja, disputará apenas o Campeonato Candango. Brasiliense e Ceilândia têm assegurado as disputas do Candangão, Copa Verde, Série C ou D e Copa do Brasil no ano que vem. Se um deles subir para a terceira divisão neste ano, abrirá vaga na Série D para o Capital. 

 

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